Desde o dia em que me descobri grávida, tive duas certezas: queria que meu filho nascesse da forma mais natural e amamentar o quanto fosse possível. O primeiro objetivo foi alcançado, não sem esforço e alguma briga. O segundo começava a se realizar imediatamente após o primeiro.
Não sei se tive sorte, ou se o fato de querer muito uma coisa colaborou para que acontecesse, mas o fato é que não tive grandes problemas para amamentar. Doeu um pouco, os bicos dos seios tiveram algumas rachaduras, mas tudo foi superado.
Nunca achei que meu leite fosse fraco. Muito pelo contrário. A Bia engordava, crescia e se desenvolvia a olhos vistos. Aos quatro meses, mal podíamos ver seu pescoço, de tão rechonchuda.
Manter a amamentação exclusiva até o sexto mês foi um dos primeiros desafios, tamanho o número de pessoas que me diziam: “Dá uma água para essa menina! Com esse calor, ela deve estar com sede. Deve ficar com fome, só mamando”. Pura bobagem! Suas três horas de sono eram sagradas entre as mamadas, chegando a dormir seis, sete horas de madrugada. Meu seio a saciava.
Completamos 1 ano, 1 ano e meio, 2 anos de amamentação. Poucas pessoas me elogiam por isso, a maioria me critica. Para mim é indiferente, não a amamento para que outros me elogiem. Amamento até hoje por que essa foi a minha escolha.
Com 2 anos e quase dez meses, a Bia esbanja saúde. Nunca teve diarreia, nunca ficou internada, não tem nenhum problema respiratório nem alergias. E quem a conhece sabe que é uma criança extrovertida, segura e sociável, a despeito do que falam sobre crianças que mamam até tarde.
Como a amamentação prolongada foi uma escolha minha, não passa pela minha cabeça recorrer a métodos drásticos para que ela desmame (como uma vez me sugeriu um ginecologista: “Passa buscopan no bico do seio” – e eu até hoje não me lembro de ter reclamado de amamentação para ele).
Mas já há algum tempo venho conversando com ela, explicando que ela já está mocinha, que daqui a pouco o tetê vai acabar. Sim, por que amamentar cansa. E isso não é uma reclamação, é a constatação de um fato. Não posso passar a noite longe da Bia, por que quase sempre ela mama de madrugada. Mas encaro tudo isso da seguinte forma: quando ela parar de mamar, será para o resto da vida.
Eis então que a Bia quis dormir na casa da avó paterna. Ficou aquele receio, de que ela fosse chorar de madrugada, mas partiu dela, não seria eu a boicotar tamanha demonstração de independência. E ela dormiu. Dormiu a noite toda. Segundo a minha sogra, ela chamou por mim, mas não pediu para mamar. Quem não dormiu fui eu. Coisas de mãe.
Depois disso, percebi que ela estava mamando menos de madrugada. E no último sábado, minha filha quis de novo passar a noite na vovó. Ela havia passado o dia todo sem mamar, dormiu na avó e só mamou no domingo, depois das quatro da tarde.
Vejo isso como um caminho que ela mesma está traçando. Largando o mamá aos poucos. Como eu sempre quis, a iniciativa está partindo dela.
Essa situação me enche de orgulho. Dela e das minhas escolhas. Amamentar, para mim, sempre foi um gesto de amor. Respeitar o tempo e a vontade da minha filha é continuar coerente com esse pensamento. Amar e respeitar os limites da minha cria: essa foi a minha escolha.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Nascidos de cesariana têm maior risco de obesidade
Da Agência USP de Notícias - Rosemeire Soares Talamone, do Serviço de Comunicação Social do Campus de Ribeirão Preto - imprensa.rp@usp.br
Pesquisa com 2.057 pessoas de 23 a 25 anos de idade, nascidas na cidade de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), aponta que as chances dos que nascem de parto cesariana ficarem obesos na fase adulta são 58% maiores do que quem nasce de parto normal. Segundo a autora do estudo, Helena Ayako Sueno Goldani, a possível causa desse índice é a alteração no desenvolvimento ou na composição da microbiota intestinal que é diferente nas crianças que nascem de parto vaginal com relação as crianças que nascem de cesariana. O estudo foi coordenado pelo professor Marco Antonio Barbieri, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Helena explica que, no parto cesariana não acontece o contato do bebê com a flora vaginal materna. Este contato, diz a pesquisadora, parece ser importante para o desenvolvimento da flora intestinal do recém-nascido. A pesquisa levantou a hipótese de que algumas bactérias presentes no canal do parto teriam efeito benéfico por meio de uma estimulação balanceada do sistema imunológico do recém-nascido. “Com isso a criança tem afetado o seu metabolismo de acolhimento e de armazenamento de energia e, consequentemente, podem ter um impacto sobre o desenvolvimento da obesidade”, revela. Os resultados do trabalho acabam de ser publicados na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition Editorial Office.
Helena utilizou dados de um grupo de pessoas, nascidas entre junho de 1978 e maio de 1979, que fizeram parte do projeto de pesquisa de estudo de coortes (estudo de um grupo de pessoas seguidas de um período determinado tempo), com coordenação geral do professor Barbieri. No total a coorte tinha 6.973 recém-nascidos, cujas mães residiam na cidade naquele momento. No momento do parto foram coletados dados das mães e dos filhos, incluindo histórico médico e antropométrico. Desses 343 morreram antes de completar 20 anos.
Entre abril de 2002 e maio de 2004, ou seja, entre 23 e 25 anos de idade, 2.103 componentes do grupo foram selecionados e convidados para uma nova avaliação, onde foram coletados dados sobre estilo de vida, inclusive a prática de exercício físico, além de responderem questionário socioeconômico, novo exame físico e avaliação antropométrica. Helena utilizou dados de 2.057 dessas pessoas.
A pesquisadora justifica a importância de se pesquisar essa relação, pois outros estudos já revelaram que alterações na microbiota intestinal podem estar ligadas a algumas condições inflamatórias crônicas comuns no mundo ocidental, entre eles a obesidade, alergias, doença de Crohn e até a diabetes tipo 1. “Alguns estudos já mostraram que a presença de bactérias intestinais durante os três primeiros dias de vida foram influenciadas pelo tipo de parto. Por meio de biologia molecular de amostras fecais de crianças nascidas por cesárea ficou evidente uma ausência substancial de bifidobactérias e isso pode ter um impacto significativo sobre as funções imunológicas do bebê”.
Perfil
A média da idade das pessoas analisadas no estudo de Helena foi de 23,9 anos e o peso médio era de 69,7 kg. A taxa de cesariana do grupo foi de 31,9%, realizado principalmente em grupos de melhor nível socioeconômico. No grupo das mães com maior escolaridade a taxa de cesariana chegou a 45,1%. Naquelas com menor escolaridade a taxa de cesariana era de 26,8%. A taxa de prevalência de obesidade nesses adultos jovens nascidos por cesariana foi de 15,2 contra 10,4% nos nascidos por parto vaginal. A pesquisa revelou ainda que a taxa de obesidade foi maior entre os menos privilegiados economicamente. “Não houve diferença nas taxas de prevalência de obesidade de acordo com o peso ao nascer, tabagismo materno durante a gravidez e atividade física do sujeito, sexo e tabagismo”, aponta a pesquisadora.
O orientador do trabalho explica que no total a taxa de obesidade entre esse grupo foi de 46% maior entre os nascidos por cesárea em relação aos nascidos de parto vaginal na análise não ajustada, ou seja, sem levar em conta outros fatores, como peso ao nascer, renda, tabagismo, escolaridade, atividade física e fatores maternos como escolaridade e tabagismo durante a gravidez. “Quando ajustada esse risco subiu para 58%”. Uma curiosidade encontrada nessa pesquisa e que vai ao encontro do que diz a literatura atual, segundo os pesquisadores, foi que não houve relação entre tabagismo materno e alteração no IMC.
Helena lembra que aumento das taxas de cesariana ocorreu em paralelo com o aumento das taxas de obesidade. Na Inglaterra, Suécia e Estados Unidos, por exemplo, passaram de 6%, 8% e 10%, em 1975 para 21%, 16% e 24%, em 2001, respectivamente. Em Ribeirão Preto, onde o estudo foi realizado, a taxa de cesariana aumentou de 30% em 1978 para 51% em 1994, e estava em 44% em 2007. Já a taxa de prevalência de obesidade no Brasil aumentou de 4% em 1974 para 11% em 2006.
“Uma vez que a colonização intestinal pode ter um efeito duradouro na saúde em geral e, ainda, considerando a diferença na flora intestinal e vaginal entre bebês nascidos de cesariana, concluímos que o aumento das taxas de cesariana podem desempenhar um papel fundamental na epidemia de obesidade no mundo”, conclui a pesquisadora. Também participaram do trabalho os pesquisadores Heloisa Bettiol, Antonio Silva, Marilyn Agranonik, Mauro Moraes e Marcelo Goldani. O professor Marco Antonio Barbieri realiza estudos epidemiológicos de saúde perinatal desde 1978.
Pesquisa com 2.057 pessoas de 23 a 25 anos de idade, nascidas na cidade de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), aponta que as chances dos que nascem de parto cesariana ficarem obesos na fase adulta são 58% maiores do que quem nasce de parto normal. Segundo a autora do estudo, Helena Ayako Sueno Goldani, a possível causa desse índice é a alteração no desenvolvimento ou na composição da microbiota intestinal que é diferente nas crianças que nascem de parto vaginal com relação as crianças que nascem de cesariana. O estudo foi coordenado pelo professor Marco Antonio Barbieri, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Helena explica que, no parto cesariana não acontece o contato do bebê com a flora vaginal materna. Este contato, diz a pesquisadora, parece ser importante para o desenvolvimento da flora intestinal do recém-nascido. A pesquisa levantou a hipótese de que algumas bactérias presentes no canal do parto teriam efeito benéfico por meio de uma estimulação balanceada do sistema imunológico do recém-nascido. “Com isso a criança tem afetado o seu metabolismo de acolhimento e de armazenamento de energia e, consequentemente, podem ter um impacto sobre o desenvolvimento da obesidade”, revela. Os resultados do trabalho acabam de ser publicados na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition Editorial Office.
Helena utilizou dados de um grupo de pessoas, nascidas entre junho de 1978 e maio de 1979, que fizeram parte do projeto de pesquisa de estudo de coortes (estudo de um grupo de pessoas seguidas de um período determinado tempo), com coordenação geral do professor Barbieri. No total a coorte tinha 6.973 recém-nascidos, cujas mães residiam na cidade naquele momento. No momento do parto foram coletados dados das mães e dos filhos, incluindo histórico médico e antropométrico. Desses 343 morreram antes de completar 20 anos.
Entre abril de 2002 e maio de 2004, ou seja, entre 23 e 25 anos de idade, 2.103 componentes do grupo foram selecionados e convidados para uma nova avaliação, onde foram coletados dados sobre estilo de vida, inclusive a prática de exercício físico, além de responderem questionário socioeconômico, novo exame físico e avaliação antropométrica. Helena utilizou dados de 2.057 dessas pessoas.
A pesquisadora justifica a importância de se pesquisar essa relação, pois outros estudos já revelaram que alterações na microbiota intestinal podem estar ligadas a algumas condições inflamatórias crônicas comuns no mundo ocidental, entre eles a obesidade, alergias, doença de Crohn e até a diabetes tipo 1. “Alguns estudos já mostraram que a presença de bactérias intestinais durante os três primeiros dias de vida foram influenciadas pelo tipo de parto. Por meio de biologia molecular de amostras fecais de crianças nascidas por cesárea ficou evidente uma ausência substancial de bifidobactérias e isso pode ter um impacto significativo sobre as funções imunológicas do bebê”.
Perfil
A média da idade das pessoas analisadas no estudo de Helena foi de 23,9 anos e o peso médio era de 69,7 kg. A taxa de cesariana do grupo foi de 31,9%, realizado principalmente em grupos de melhor nível socioeconômico. No grupo das mães com maior escolaridade a taxa de cesariana chegou a 45,1%. Naquelas com menor escolaridade a taxa de cesariana era de 26,8%. A taxa de prevalência de obesidade nesses adultos jovens nascidos por cesariana foi de 15,2 contra 10,4% nos nascidos por parto vaginal. A pesquisa revelou ainda que a taxa de obesidade foi maior entre os menos privilegiados economicamente. “Não houve diferença nas taxas de prevalência de obesidade de acordo com o peso ao nascer, tabagismo materno durante a gravidez e atividade física do sujeito, sexo e tabagismo”, aponta a pesquisadora.
O orientador do trabalho explica que no total a taxa de obesidade entre esse grupo foi de 46% maior entre os nascidos por cesárea em relação aos nascidos de parto vaginal na análise não ajustada, ou seja, sem levar em conta outros fatores, como peso ao nascer, renda, tabagismo, escolaridade, atividade física e fatores maternos como escolaridade e tabagismo durante a gravidez. “Quando ajustada esse risco subiu para 58%”. Uma curiosidade encontrada nessa pesquisa e que vai ao encontro do que diz a literatura atual, segundo os pesquisadores, foi que não houve relação entre tabagismo materno e alteração no IMC.
Helena lembra que aumento das taxas de cesariana ocorreu em paralelo com o aumento das taxas de obesidade. Na Inglaterra, Suécia e Estados Unidos, por exemplo, passaram de 6%, 8% e 10%, em 1975 para 21%, 16% e 24%, em 2001, respectivamente. Em Ribeirão Preto, onde o estudo foi realizado, a taxa de cesariana aumentou de 30% em 1978 para 51% em 1994, e estava em 44% em 2007. Já a taxa de prevalência de obesidade no Brasil aumentou de 4% em 1974 para 11% em 2006.
“Uma vez que a colonização intestinal pode ter um efeito duradouro na saúde em geral e, ainda, considerando a diferença na flora intestinal e vaginal entre bebês nascidos de cesariana, concluímos que o aumento das taxas de cesariana podem desempenhar um papel fundamental na epidemia de obesidade no mundo”, conclui a pesquisadora. Também participaram do trabalho os pesquisadores Heloisa Bettiol, Antonio Silva, Marilyn Agranonik, Mauro Moraes e Marcelo Goldani. O professor Marco Antonio Barbieri realiza estudos epidemiológicos de saúde perinatal desde 1978.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Com gosto de vitória
Nem tenho mais coragem de dizer que não tenho tempo para postar...
Desde outubro do ano passado mudei de emprego. Sou repórter do Diário Regional, publicação do ABC. E desde o começo, é claro, queria fazer uma matéria sobre parto humanizado... mas não saia... por tantos motivos que nem vou explicar.
Mas, como um presente de Dia das Mães, ela foi publicada no domingo, me enchendo de felicidade e orgulho. Espero ter conseguido alcançar muitas mulheres que ainda sentem medo do parto normal, que ainda endeusam a cesárea... gostinho de obrigação cumprida, gostinho de vitória. Reproduzo abaixo os textos na íntegra, publicados no Diário Regional do último domingo:
Mulheres apostam no parto humanizado
ALINE MELO
PARA O DIÁRIO REGIONAL
Elas não querem o conforto de hospitais, nem se impressionam com estrelas de TV que aparecem escovadas e maquiadas instantes antes da cirurgia. Em busca de maior protagonismo no momento do parto, um número crescente de mulheres procura atendimento humanizado para o nascimento dos filhos, sem intervenções médicas desnecessárias e com liberdade de escolha.
No lugar de anestesia, optam por massagens e banhos quentes. Ao invés de tomar soro com medicação para acelerar o trabalho de parto, aguardam pela resposta natural dos hormônios que agem durante o processo do nascimento. Esses procedimentos estão presentes no parto humanizado, que de acordo com as gestantes que defendem o método, respeita o tempo da mãe e do bebê.
“Essa concepção considera o parto um processo fisiológico da mulher em que é sujeito da ação de parir e o médico deve ser um facilitador.
Ou seja, a gestante é protagonista”, explicou o diretor de Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, Antônio Luiz Telles. “A ideia de humanizar o parto é dar o máximo de conforto à mulher, criando o melhor e mais adaptado ambiente a ela”, completou.
“Sempre acreditei que o melhor fosse o parto normal. Quando engravidei, comecei a me informar. Depois de esclarecer as minhas dúvidas, fui em busca da equipe humanizada para ter a minha vontade respeitada”, afirmou Jacqueline Alves, técnica de informática e moradora de São Bernardo.
Após ter sua primeira filha de parto normal no Hospital São Luiz, em São Paulo, Jacqueline optou na segunda gravidez por um parto domiciliar. “A decisão natural foi ter em casa, sem intervenção. Já sabia como era o processo e o receio das complicações que me fizeram optar pelo atendimento hospitalar da primeira vez não existiam mais”, declarou.
O parto da técnica de informática foi assistido por um obstetra da Capital e sua equipe, com enfermeira e pediatra. Além disso, Jacqueline também contou com a presença de uma doula, profissional que presta apoio físico, emocional e afetivo às futuras mães.
Aline Gerbelli, fonoaudióloga, também viveu a experiência de um parto domiciliar em São Bernardo. Para o momento do nascimento, estavam previstas as presenças da médica obstetra e de uma parteira. “Na hora H, não conseguimos contatar a médica. A parteira amparou o Pedro, que estava com o cordão enrolado no pescoço, e foi tudo muito tranquilo”, contou a profissional de saúde.
Doulas e parteiras auxiliam na vinda do bebê
Mesmo com todos os avanços da medicina, a profissão de parteira não está extinta. A atividade também não está restrita aos sertões e Interior do Brasil. São profissionais cuja atuação vai ao encontro do desejo de mulheres que querem ter uma experiência natural na hora do parto.
A parteira Ana Cris Duarte atende em toda região metropolitana e assistiu 50 partos em 2010. Formada pela primeira turma de parteiras na USP em 2008, atuou como doula de 2001 até a formatura. “No início acompanhava dois partos por mês. Em 2008, esse número já havia subido para oito atendimentos mensais”, afirmou.
Além da parteira, outra profissional que atua nessa área é a doula. A palavra vem do grego “mulher que serve”. Nos dias de hoje, aplica-se àquelas que dão suporte físico e emocional a outras mulheres durante e após o parto.
“A mulher deve ter a oportunidade de escolher o que quer do parto. É um momento único, e vai lembrar dele para o resto da vida”, afirmou Geórgia Gazola, que já tem dez anos de experiência profissional como doula. (AM)
Grupos de apoio auxiliam gestante na hora de fazer escolhas
A agenda apertada de médicos particulares é um dos grandes incentivadores da cesárea no país. “A dinâmica do profissional que atende convênio não permite que se ausente por muito tempo de suas consultas. Assim, para manterem a agenda acabam optando pela cesárea eletiva”, apontou Mauro Sancovski, responsável da Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina do ABC.
Para não acabarem em cirurgia desnecessária, mulheres que querem parto normal procuram ajuda em grupos de apoio para gestantes. Sob supervisão de Deborah Delage e Denise Niy, ativistas do parto humanizado, funciona no ABC o MaternaMente. Com reuniões mensais, mulheres (grávidas ou não) se reúnem para debater os assuntos referentes ao parto e a gestação. “Muitas pedem indicação de profissionais, mas a gente não indica. Procuramos mostrar para a mulher todas as opções disponíveis”, declarou Deborah.
“Não sou contra a cesárea. Bem indicada, salva vidas. O que me assusta é que na maioria das vezes a mulher é tolhida de suas escolhas, não é informada sobre os riscos de uma cirurgia de grande porte”, pontuou a ativista. (AM)
Desde outubro do ano passado mudei de emprego. Sou repórter do Diário Regional, publicação do ABC. E desde o começo, é claro, queria fazer uma matéria sobre parto humanizado... mas não saia... por tantos motivos que nem vou explicar.
Mas, como um presente de Dia das Mães, ela foi publicada no domingo, me enchendo de felicidade e orgulho. Espero ter conseguido alcançar muitas mulheres que ainda sentem medo do parto normal, que ainda endeusam a cesárea... gostinho de obrigação cumprida, gostinho de vitória. Reproduzo abaixo os textos na íntegra, publicados no Diário Regional do último domingo:
Mulheres apostam no parto humanizado
ALINE MELO
PARA O DIÁRIO REGIONAL
Elas não querem o conforto de hospitais, nem se impressionam com estrelas de TV que aparecem escovadas e maquiadas instantes antes da cirurgia. Em busca de maior protagonismo no momento do parto, um número crescente de mulheres procura atendimento humanizado para o nascimento dos filhos, sem intervenções médicas desnecessárias e com liberdade de escolha.
No lugar de anestesia, optam por massagens e banhos quentes. Ao invés de tomar soro com medicação para acelerar o trabalho de parto, aguardam pela resposta natural dos hormônios que agem durante o processo do nascimento. Esses procedimentos estão presentes no parto humanizado, que de acordo com as gestantes que defendem o método, respeita o tempo da mãe e do bebê.
“Essa concepção considera o parto um processo fisiológico da mulher em que é sujeito da ação de parir e o médico deve ser um facilitador.
Ou seja, a gestante é protagonista”, explicou o diretor de Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, Antônio Luiz Telles. “A ideia de humanizar o parto é dar o máximo de conforto à mulher, criando o melhor e mais adaptado ambiente a ela”, completou.
“Sempre acreditei que o melhor fosse o parto normal. Quando engravidei, comecei a me informar. Depois de esclarecer as minhas dúvidas, fui em busca da equipe humanizada para ter a minha vontade respeitada”, afirmou Jacqueline Alves, técnica de informática e moradora de São Bernardo.
Após ter sua primeira filha de parto normal no Hospital São Luiz, em São Paulo, Jacqueline optou na segunda gravidez por um parto domiciliar. “A decisão natural foi ter em casa, sem intervenção. Já sabia como era o processo e o receio das complicações que me fizeram optar pelo atendimento hospitalar da primeira vez não existiam mais”, declarou.
O parto da técnica de informática foi assistido por um obstetra da Capital e sua equipe, com enfermeira e pediatra. Além disso, Jacqueline também contou com a presença de uma doula, profissional que presta apoio físico, emocional e afetivo às futuras mães.
Aline Gerbelli, fonoaudióloga, também viveu a experiência de um parto domiciliar em São Bernardo. Para o momento do nascimento, estavam previstas as presenças da médica obstetra e de uma parteira. “Na hora H, não conseguimos contatar a médica. A parteira amparou o Pedro, que estava com o cordão enrolado no pescoço, e foi tudo muito tranquilo”, contou a profissional de saúde.
Doulas e parteiras auxiliam na vinda do bebê
Mesmo com todos os avanços da medicina, a profissão de parteira não está extinta. A atividade também não está restrita aos sertões e Interior do Brasil. São profissionais cuja atuação vai ao encontro do desejo de mulheres que querem ter uma experiência natural na hora do parto.
A parteira Ana Cris Duarte atende em toda região metropolitana e assistiu 50 partos em 2010. Formada pela primeira turma de parteiras na USP em 2008, atuou como doula de 2001 até a formatura. “No início acompanhava dois partos por mês. Em 2008, esse número já havia subido para oito atendimentos mensais”, afirmou.
Além da parteira, outra profissional que atua nessa área é a doula. A palavra vem do grego “mulher que serve”. Nos dias de hoje, aplica-se àquelas que dão suporte físico e emocional a outras mulheres durante e após o parto.
“A mulher deve ter a oportunidade de escolher o que quer do parto. É um momento único, e vai lembrar dele para o resto da vida”, afirmou Geórgia Gazola, que já tem dez anos de experiência profissional como doula. (AM)
Grupos de apoio auxiliam gestante na hora de fazer escolhas
A agenda apertada de médicos particulares é um dos grandes incentivadores da cesárea no país. “A dinâmica do profissional que atende convênio não permite que se ausente por muito tempo de suas consultas. Assim, para manterem a agenda acabam optando pela cesárea eletiva”, apontou Mauro Sancovski, responsável da Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina do ABC.
Para não acabarem em cirurgia desnecessária, mulheres que querem parto normal procuram ajuda em grupos de apoio para gestantes. Sob supervisão de Deborah Delage e Denise Niy, ativistas do parto humanizado, funciona no ABC o MaternaMente. Com reuniões mensais, mulheres (grávidas ou não) se reúnem para debater os assuntos referentes ao parto e a gestação. “Muitas pedem indicação de profissionais, mas a gente não indica. Procuramos mostrar para a mulher todas as opções disponíveis”, declarou Deborah.
“Não sou contra a cesárea. Bem indicada, salva vidas. O que me assusta é que na maioria das vezes a mulher é tolhida de suas escolhas, não é informada sobre os riscos de uma cirurgia de grande porte”, pontuou a ativista. (AM)
sábado, 18 de setembro de 2010
Quando os filhos crescem
Deu trabalho, mas espantei todas as moscas e tirei todas as teias de aranha que estavam por aqui...rsrs...
Eu carrego a Bia no sling desde que ela tinha 20 e poucos dias... Queria ter saído da maternidade com ela, mas não consegui encontrar pra comprar antes. Ainda hoje, não é todo dia que eu vejo mães e bebês 'slingando' por aí. No começo era estranho. Demorei um pouco pra pegar o jeito da coisa. Mas quando peguei, foi só alegria... a Bia sempre adorou o sling. E eu, mais ainda... ali ela estava protegida, ali ela podia mamar com conforto e privacidade, ali ela era só minha... sem contar que causávamos um verdadeiro furor por onde andássemos. Mais de uma dúzia de vezes eu fui parada por mães que queriam saber onde podiam comprar, se a bebê gostava, se não doía as costas. Tinha também quem torcesse o nariz, principalmente as pessoas mais velhas, dizendo que aquilo era desconfortável, que ela não ia conseguir andar direito... ai, ai...
E a Bia, sempre que me via colocar o sling, já estendia os bracinhos, toda feliz. Ela ficava mais calma, normalmente dormia, era ótimo.
Mas a farra acabou há uns meses. Não sei ao certo quantos, se quatro, três, dois... mas sei que ela passou a reclamar quando eu tentava colocá-la no sling, até que os protestos foram tão intensos que eu não coloquei mais.
E isso me fez refletir sobre muitas coisas: ela estava me dizendo "mãe, eu cresci, não caibo mais aí". Sim, ela cresceu. E muito. Vai fazer dois anos no próximo mês. Está esperta, inteligente, comunicativa... é uma criança segura, sociável, independente (o quanto um serzinho de 23 meses pode ser independente, é claro!). Em detrimento de tudo o que falam sobre crianças que mamam no seio prolongadamente (sim, eu ainda amamento a minha filha, com o maior prazer, muito obrigada!).
Depois disso eu comecei a pensar quando será o próximo "rompimento". Talvez a amamentação seja o próximo. Mas fui mais longe... vislumbrei quando ela crescer o bastante para não querer mais andar comigo de mãos dadas... ou quando chegar a fase em que eles têm vergonha de nos beijar e serem beijados em público.
E depois disso, já pré-adolescente, talvez ela não queira mais viajar somente com os pais, pois prefira uma amiga ou uma prima por perto. E depois, mais tarde, ela queira viajar não com a família e/ou os amigos, mas com o namorado.
E finalmente, vai chegar o dia em que ela vai crescer tanto que não vai mais caber na nossa casa, na nossa rotina, vai viver a sua vida... e neste dia, e em todos os outros, filha querida, saiba que você nunca vai ser tão grande que não caiba no meu abraço. Nunca vai crescer tanto a ponto de não caber mais no meu coração. E eu espero estar contribuindo pra que você continue tomando suas decisões rumo ao crescimento com firmeza e segurança, por que maior que você, sempre será o meu amor.
Eu carrego a Bia no sling desde que ela tinha 20 e poucos dias... Queria ter saído da maternidade com ela, mas não consegui encontrar pra comprar antes. Ainda hoje, não é todo dia que eu vejo mães e bebês 'slingando' por aí. No começo era estranho. Demorei um pouco pra pegar o jeito da coisa. Mas quando peguei, foi só alegria... a Bia sempre adorou o sling. E eu, mais ainda... ali ela estava protegida, ali ela podia mamar com conforto e privacidade, ali ela era só minha... sem contar que causávamos um verdadeiro furor por onde andássemos. Mais de uma dúzia de vezes eu fui parada por mães que queriam saber onde podiam comprar, se a bebê gostava, se não doía as costas. Tinha também quem torcesse o nariz, principalmente as pessoas mais velhas, dizendo que aquilo era desconfortável, que ela não ia conseguir andar direito... ai, ai...
E a Bia, sempre que me via colocar o sling, já estendia os bracinhos, toda feliz. Ela ficava mais calma, normalmente dormia, era ótimo.
Mas a farra acabou há uns meses. Não sei ao certo quantos, se quatro, três, dois... mas sei que ela passou a reclamar quando eu tentava colocá-la no sling, até que os protestos foram tão intensos que eu não coloquei mais.
E isso me fez refletir sobre muitas coisas: ela estava me dizendo "mãe, eu cresci, não caibo mais aí". Sim, ela cresceu. E muito. Vai fazer dois anos no próximo mês. Está esperta, inteligente, comunicativa... é uma criança segura, sociável, independente (o quanto um serzinho de 23 meses pode ser independente, é claro!). Em detrimento de tudo o que falam sobre crianças que mamam no seio prolongadamente (sim, eu ainda amamento a minha filha, com o maior prazer, muito obrigada!).
Depois disso eu comecei a pensar quando será o próximo "rompimento". Talvez a amamentação seja o próximo. Mas fui mais longe... vislumbrei quando ela crescer o bastante para não querer mais andar comigo de mãos dadas... ou quando chegar a fase em que eles têm vergonha de nos beijar e serem beijados em público.
E depois disso, já pré-adolescente, talvez ela não queira mais viajar somente com os pais, pois prefira uma amiga ou uma prima por perto. E depois, mais tarde, ela queira viajar não com a família e/ou os amigos, mas com o namorado.
E finalmente, vai chegar o dia em que ela vai crescer tanto que não vai mais caber na nossa casa, na nossa rotina, vai viver a sua vida... e neste dia, e em todos os outros, filha querida, saiba que você nunca vai ser tão grande que não caiba no meu abraço. Nunca vai crescer tanto a ponto de não caber mais no meu coração. E eu espero estar contribuindo pra que você continue tomando suas decisões rumo ao crescimento com firmeza e segurança, por que maior que você, sempre será o meu amor.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
De roupa nova
A Jéssica fez pra mim esse layout lindo, que eu amei. Eu disse pra ela: gosto da cor rosa e de borboletas, e ela com muita sensibilidade e delicadeza me presenteou com uma ilustração linda, linda...
Garota de muito talento, e uma das grandes incentivadoras do meu blog, Je, querida, mais uma vez, muitíssimo obrigada!
Garota de muito talento, e uma das grandes incentivadoras do meu blog, Je, querida, mais uma vez, muitíssimo obrigada!
quarta-feira, 21 de julho de 2010
MANIFESTAMOS PELAS MÃES
Mãe que dá o melhor de si e convive com a crônica sensação de que nada é o suficiente.
Mãe de carne, osso e vísceras que, ao se perceber humana, sente-se cada vez mais distante do ideal de devoção da Santa Mãezinha. E por isso se culpa.
Mãe que comprou o sabonete com óleos essenciais, o iogurte com fibras, o desinfetante com cloro ativo, a fralda com bloquigel e mesmo assim seu filho não dormiu a noite inteira, seu marido se queixa e sua casa não é o templo limpo, perfumado e livre de insetos que aparece na TV.
Mãe mulher, dona de casa, profissional e amante, que segue passo a passo as dicas das revistas femininas para conciliar seus inúmeros papéis e virar “super”, mas ainda não encontrou sua capa.
Mãe cuja única preparação para a mais dramática mudança da sua vida foi o cursinho da maternidade e, se privilegiada, a decoração do quartinho e a compra do enxoval.
Mãe que vive em uma sociedade que a glorifica, ao mesmo tempo em que a obriga a terceirizar a criação dos seus filhos. Seja por necessidade, independência ou reconhecimento. Como se, em qualquer um desses casos, essa não fosse uma decisão extremamente difícil.
Mãe que se divide diariamente entre a administração do lar e da profissão, encarando múltiplas jornadas que a levam constantemente à exaustão física e emocional.
Mãe que se dedica de corpo e alma ao significativo projeto de criar uma criança, enfrentando um nível de cobrança superior ao de qualquer chefe ranzinza e cliente exigente. 365 dias por ano, 24 horas por dia. E mesmo assim é percebida como alguém que não faz nada. Até por si mesma.
Mãe pobre que, quando opta pelos filhos, é acomodada. Quando rica, é madame. E, quando profissional, é ausente.
MANIFESTAMOS PELA MATERNIDADE
E, portanto, pela liberdade de sentir. De seguir os instintos. De viver em plenitude emoções e sentimentos totalmente femininos. Pois negá-los, seria abrir mão daquilo que faz da mulher, um ser único.
Manifestamos pelo direito de cada mulher escolher o papel que melhor lhe cabe no momento. Sem se sentir pressionada, desmerecida ou julgada pelo que decidiu não ser.
Manifestamos por parir de forma saudável, humana e tranquila e que essa seja uma decisão consciente da mãe. Amparada por uma equipe de profissionais da saúde que a respeitam, orientam, acompanham e zelam pelo bem estar dela e do bebê.
Manifestamos pelo direito de amamentar a cria, sem ser pressionada por profissionais da saúde mal formados ou parentes bem intencionados, a substituir por mamadeira, o alimento que só o seu peito pode dar.
Manifestamos pela aceitação da metamorfose e da mudança de valores que a chegada de uma criança proporciona na vida de qualquer adulto. E pela valorização desta transformação na sociedade, como contraponto para a cultura do egoísmo e da juventude eterna.
MANIFESTAMOS PELO ATIVISMO ANÔNIMO E INCANSÁVEL DAS MÃES
Nas trincheiras domésticas de uma sociedade cada vez mais dominada pelas leis cruéis do mercado.
E apoiamos as mães que questionam. Que boicotam.
Que compram e deixam de comprar. Que sabem o que servem à mesa e o que jogam no lixo.
Que desligam a TV, controlam o videogame e a quantidade de açúcar.
Mães que tentam proteger a infância e não desistem diante do bombardeio de mensagens que estimulam a erotização e o consumo precoces.
Mães que empreendem, que inventam, que abrem mão, que buscam alternativas, que assumem o vazio e a sobrecarga. E promovem viradas.
Mães que brigam por uma escola melhor, mais humana e significativa; pública ou privada.
Que pensam globalmente e agem localmente, casa a casa, família a família.
E que administram seus lares, como se ali começasse a mudança que desejam para o planeta.
MANIFESTAMOS PELA TOMADA DE CONSCIÊNCIA FAMILIAR
Pela valorização do papel da mãe no seio da família e pelo fim das hipócritas tentativas de minimizar a diferença que a presença dela faz.
Pelo reconhecimento da vital importância da maternidade para a humanidade, e por ações sociais e políticas que valorizem e estimulem a atuação da mãe.
Por uma rede de relacionamentos que coloque novamente mulheres de diferentes gerações em contato, reconstruindo referências que foram deturpadas e estereotipadas pela mídia e pela sociedade.
Por mães unidas para estudar, compartilhar experiências e desenvolver novos pontos de vista para este tema milenar, universal e ainda tão incompreendido.
Por uma nova formação familiar, focada no bem estar integral dos seres humanos e não somente no bem estar material.
Por pais que valorizam a tomada de consciência materna, dando sua participação necessária para que ela floresça. Mesmo sem entendê-la completamente.
Por mães que partilhem com seus parceiros as responsabilidades, agruras e alegrias de se cuidar dos filhos, sendo entendido que eles pertecem aos dois, igualmente.
Manifestamos pela ausência de fórmulas, de guias práticos e de respostas prontas, pois cada mulher é livre para buscar seu caminho e desenvolver sua história. No seu tempo, no seu ritmo e na sua individualidade.
Manifestamos pela conciliação de uma maternidade moderna com uma maternidade mais plena.
Manifestamos por você e por nós. Pela Terra e por todos os filhos que dela vieram e ainda virão.
Manifestamos pelas mães!
Assine o Manifesto pelas Mães. Acesse o site do Grupo Cria.
Parto na água
Mais um excelente artigo assinado pela dr. Melania, e publicada no site Guia do Bebê.
Muito tem se debatido sobre o parto na água: é seguro? Quais as vantagens? Há maior risco de infecção? Quais os riscos para o bebê? Existem contra-indicações? O fato é que cada vez essa modalidade de parto tem se tornado disponível em diversas maternidades e pode representar também uma opção para os partos domiciliares (1).
A imersão em água durante o trabalho de parto tem sido referendada como um método útil para o alívio da dor do parto. Uma revisão sistemática disponível na Biblioteca Cochrane avalia a imersão em água durante o primeiro e o segundo estágios do parto (dilatação e expulsão, respectivamente) (2). Foram incluídos 11 ensaios clínicos randomizados (ECR) , dois dos quais avaliaram a imersão em água durante o período expulsivo. Nos ECR avaliando a imersão em água durante a fase de dilatação, observou-se significativa redução da dor e decréscimo da necessidade de analgesia farmacológica (peridural ou combinada). Os autores sugerem que a imersão em água durante o primeiro estágio do parto pode ser recomendada para parturientes de baixo-risco (2).
Nos dois ensaios clínicos avaliando o segundo estágio, ou seja, o parto assistido na água, não houve aumento do risco de desfechos maternos e neonatais adversos e verificou-se aumento da satisfação materna (3,4). No entanto, devido ao pequeno número de casos (240) e ao fato de várias mulheres randomizadas para ter parto na água na verdade pariram fora da água, não foi possível, as informações foram limitadas e os autores da revisão sistemática comentam que as evidências são insuficientes para recomendar ou contra-indicar o parto na água. Um outro ensaio clínico randomizado foi publicado depois desta revisão sistemática (5) e os seus resultados devem em breve ser incorporados, podendo gerar novas conclusões: neste estudo, verificou-se, além da redução da necessidade de analgésicos, menor duração do parto e redução do risco de cesárea no grupo que teve o parto na água.
Tendo em vista a escassez de ensaios clínicos randomizados (evidência nível I), e considerando que pode ser de fato difícil randomizar as mulheres para essa modalidade de parto, uma revisão sobre vantagens e desvantagens do parto na água deve se estender aos estudos observacionais, embora esses representem uma evidência de qualidade mais baixa (nível II) (6).
Alguns relatos de caso (7,8) sugerem efeitos prejudiciais para o recém-nascido, relacionando maior risco de desconforto respiratório no período neonatal. Entretanto, relatos de caso constituem um nível de evidência muito pobre (nível III ou IV), porquanto uma relação causal não pode ser estabelecida. Assim, estudos observacionais incluindo grande número de casos e comparando partos na água e fora da água devem ser privilegiados.
Um grande estudo publicado em 2004 comparou 3.617 partos na água e 5.901 controles (9). O parto na água se associou a redução das lacerações perineais, menor perda sanguínea e menor necessidade de analgesia de parto. Não houve diferença na taxa de infecção materna e neonatal. Outros estudos publicados nos anos subsequentes confirmaram esses achados, sugerindo que o parto na água representa uma alternativa valiosa e promissora ao parto fora da água (10, 11, 12, 13). O estudo mais recente foi publicado em 2007 e demonstrou ainda que a imersão em água se associou com menor duração tanto da fase de dilatação como da fase de expulsão do parto, sem aumento do risco de infecção materna e neonatal (14). Todos esses estudos destacam que critérios rigorosos de seleção foram observados e que essas conclusões só podem ser extrapoladas para parturientes de baixo-risco.
Uma preocupação constante de vários leigos e mesmo de alguns profissionais é o risco de aspiração de água, traduzido pelo receio de que “o bebê se afogue”. Devemos, porém, lembrar, que o bebê saudável só “respira” efetivamente quando sai da água. Imediatamente depois do nascimento em água morna (que inibe a respiração), o bebê se mantém como dentro do útero, quando estava imerso em líquido amniótico: a “respiração” não está estabelecida e as trocas gasosas seguem se efetuando através do cordão umbilical. Mantém-se intacto o reflexo de mergulho, de forma que mesmo uma ou duas gotas de água na laringe são suficientes para desencadear esta resposta, inibindo a inalação de líquido (15).
O risco de aspiração ocorre para os bebês deprimidos (com hipoxia grave), que podem até aspirar o próprio líquido amniótico e, por não terem um bom clearance pulmonar, não expelem o líquido aspirado (16). Deve-se concluir, portanto, que o parto na água não é uma boa opção quando existe o risco de sofrimento fetal e deve ser contra-indicado na presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal (10-14, 17). Salienta-se que a monitorização da frequência cardíaca fetal é importante tanto para partos na água como fora da água, e seu rigor durante o trabalho de parto deve ser observado (17), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) (18).
O American College of Obstetricians and Gynecology (ACOG) não tem posição oficial sobre o parto na água, e no Brasil a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) também não se manifestou sobre o tema. Entretanto, na Inglaterra, tanto o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists como o Royal College of Midwives explicitamente apóiam a imersão de água durante o trabalho de parto e o nascimento, tendo publicado uma diretriz específica sobre o assunto (17).
Em suma, respondendo aos questionamentos no início deste artigo, podemos concluir que o parto na água representa uma opção segura para parturientes de baixo-risco que assim o desejem, devendo-se respeitar a autonomia feminina com respeito à decisão do local de parto. Existem algumas vantagens, como redução da necessidade de analgesia, redução de episiotomia e lacerações espontâneas, menor duração do primeiro e do segundo estágio do parto e maior satisfação materna. Não foi documentado maior risco de infecção materna ou neonatal. O risco de aspiração só existe para bebês deprimidos ou acidóticos, de forma que a ausculta fetal é essencial para monitorização do trabalho de parto. Gestações de alto-risco e presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal representam contra-indicações para o parto na água.
Dentro de uma filosofia de respeito à autonomia materna, as mulheres devem ser informadas sobre as evidências disponíveis acerca do parto na água, devendo fazer uma escolha livre e esclarecida. Possíveis riscos e contra-indicações devem ser discutidos e, como em qualquer procedimento durante a assistência ao parto, deve-se obter a assinatura do termo de consentimento. Fundamental ainda é que o parto na água deve ser assistido por profissionais habilitados com experiência nessa modalidade (17).
Melania Amorim, MD, PhD
Vídeo de parto na água assistido por nossa equipe e disponível no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=3YBHDbx5kEM
REFERÊNCIAS:
1.Kitzinger S. Letter from Europe: water birth: just a fad? Birth 2009; 36 :258-60.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/122592330/PDFSTART
2.Cluett ER, Burns E. Immersion in water in labour and birth. Cochrane Database of Systematic Reviews 2009, Issue 2. DOI: 10.1002/14651858.CD000111.pub3.
http://www.mrw.interscience.wiley.com/cochrane/clsysrev/articles/CD000111/frame.html
3.Nikodem C, Hofmeyr GJ, Nolte AGW, de Jager M. The effects of water on birth: a randomized controlled trial. Proceedings of the 14th Conference on Priorities in Perinatal Care in South Africa; 1995 March 7-10; South Africa. 1995:163-6.
4.Woodward J, Kelly SM. A pilot study for a randomised controlled trial of waterbirth versus land birth. BJOG: an international journal of obstetrics and gynaecology 2004; 111: 537-45.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/118813598/PDFSTART
5.Chaichian S, Akhlaghi A, Rousta F, Safavi M. Experience of water birth delivery in Iran. Arch Iran Med 2009; 12: 468-71.
http://www.ams.ac.ir/AIM/NEWPUB/09/12/5/007.pdf
6.Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence (March 2009).
http://www.cebm.net/index.aspx?o=1025
7.Batton DG, Blackmon LR, Adamkin DH, Bell EF, Denson SE, Engle WA, Martin GI, Stark AR, Barrington KJ, Raju TN, Riley L, Tomashek KM, Wallman C, Couto J; Committee on Fetus and Newborn, 2004-2005. Underwater births. Pediatrics 2005; 115: 1413-4.
http://pediatrics.aappublications.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=15867054
8.Mammas IN, Thiagarajan P. Water aspiration syndrome at birth - report of two cases. J Matern Fetal Neonatal Med 2009; 22: 365-7.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050802556067
9.Geissbuehler V, Stein S, Eberhard J. Waterbirths compared with landbirths: an observational study of nine years. J Perinat Med 2004; 32: 308-14.
http://www.reference-global.com/doi/pdfplus/10.1515/JPM.2004.057
10.Eberhard J, Stein S, Geissbuehler V. Experience of pain and analgesia with water and land births. J Psychosom Obstet Gynaecol 2005; 26: 127-33.
https://commerce.metapress.com/content/16441n2545k90228/resource-secured/?target=fulltext.pdf&sid=zb3zrqbulif0nhrroekunt55&sh=www.springerlink.com
11.Thoeni A, Zech N, Moroder L, Ploner F. Review of 1600 water births. Does water birth increase the risk of neonatal infection? J Matern Fetal Neonatal Med 2005; 17:357-61.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050500140388
12.Thöni A., Zech N., Moroder L. Water birth and neonatal infections. Experience with 1575 deliveries in water. Minerva Ginecol 2005; 57: 199-206.
http://www.minervamedica.it/en/journals/minerva-ginecologica/article.php?cod=R09Y2005N02A0199&acquista=1
13.Thöni A, Zech N, Ploner F. Gebären im Wasser: Erfahrung nach 1825 Wassergeburten. Gynakol Geburtshilfliche Rundsch 2007; 47: 76-80.
http://content.karger.com/
14.Zanetti-Daellenbach RA, Tschudin S, Zhong XY, Holzgreve W, Lapaire O, Hösli I. Maternal and neonatal infections and obstetrical outcome in water birth. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2007; 134: 37-43.
http://www.ejog.org/article/S0301-2115%2806%2900514-8/pdf
15.Burns E, Kitzinger S. Midwifery Guidelines for the use of water in Labour. Oxford Brookes University, 2nd ed. 2005.
http://www.sheilakitzinger.com/WaterBirth.htm#Midwifery%20Guidelines
16.Hermansen CL, Lorah KN. Respiratory distress in the newborn. Am Fam Physician 2007; 76: 987-94.
http://www.aafp.org/afp/2007/1001/p987.html
17. http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/uploaded-files/JointStatmentBirthInWater2006.pdf
18.World Health Organization. IMPAC Integrated Management of Pregnancy and Childbirth. Managing complications in pregnancy and childbirth: a guide for midwives and doctors. Geneva. WHO, 2000.
http://www.who.int/making_pregnancy_safer/publications/archived_publications/mcpc.pdf
Muito tem se debatido sobre o parto na água: é seguro? Quais as vantagens? Há maior risco de infecção? Quais os riscos para o bebê? Existem contra-indicações? O fato é que cada vez essa modalidade de parto tem se tornado disponível em diversas maternidades e pode representar também uma opção para os partos domiciliares (1).
A imersão em água durante o trabalho de parto tem sido referendada como um método útil para o alívio da dor do parto. Uma revisão sistemática disponível na Biblioteca Cochrane avalia a imersão em água durante o primeiro e o segundo estágios do parto (dilatação e expulsão, respectivamente) (2). Foram incluídos 11 ensaios clínicos randomizados (ECR) , dois dos quais avaliaram a imersão em água durante o período expulsivo. Nos ECR avaliando a imersão em água durante a fase de dilatação, observou-se significativa redução da dor e decréscimo da necessidade de analgesia farmacológica (peridural ou combinada). Os autores sugerem que a imersão em água durante o primeiro estágio do parto pode ser recomendada para parturientes de baixo-risco (2).
Nos dois ensaios clínicos avaliando o segundo estágio, ou seja, o parto assistido na água, não houve aumento do risco de desfechos maternos e neonatais adversos e verificou-se aumento da satisfação materna (3,4). No entanto, devido ao pequeno número de casos (240) e ao fato de várias mulheres randomizadas para ter parto na água na verdade pariram fora da água, não foi possível, as informações foram limitadas e os autores da revisão sistemática comentam que as evidências são insuficientes para recomendar ou contra-indicar o parto na água. Um outro ensaio clínico randomizado foi publicado depois desta revisão sistemática (5) e os seus resultados devem em breve ser incorporados, podendo gerar novas conclusões: neste estudo, verificou-se, além da redução da necessidade de analgésicos, menor duração do parto e redução do risco de cesárea no grupo que teve o parto na água.
Tendo em vista a escassez de ensaios clínicos randomizados (evidência nível I), e considerando que pode ser de fato difícil randomizar as mulheres para essa modalidade de parto, uma revisão sobre vantagens e desvantagens do parto na água deve se estender aos estudos observacionais, embora esses representem uma evidência de qualidade mais baixa (nível II) (6).
Alguns relatos de caso (7,8) sugerem efeitos prejudiciais para o recém-nascido, relacionando maior risco de desconforto respiratório no período neonatal. Entretanto, relatos de caso constituem um nível de evidência muito pobre (nível III ou IV), porquanto uma relação causal não pode ser estabelecida. Assim, estudos observacionais incluindo grande número de casos e comparando partos na água e fora da água devem ser privilegiados.
Um grande estudo publicado em 2004 comparou 3.617 partos na água e 5.901 controles (9). O parto na água se associou a redução das lacerações perineais, menor perda sanguínea e menor necessidade de analgesia de parto. Não houve diferença na taxa de infecção materna e neonatal. Outros estudos publicados nos anos subsequentes confirmaram esses achados, sugerindo que o parto na água representa uma alternativa valiosa e promissora ao parto fora da água (10, 11, 12, 13). O estudo mais recente foi publicado em 2007 e demonstrou ainda que a imersão em água se associou com menor duração tanto da fase de dilatação como da fase de expulsão do parto, sem aumento do risco de infecção materna e neonatal (14). Todos esses estudos destacam que critérios rigorosos de seleção foram observados e que essas conclusões só podem ser extrapoladas para parturientes de baixo-risco.
Uma preocupação constante de vários leigos e mesmo de alguns profissionais é o risco de aspiração de água, traduzido pelo receio de que “o bebê se afogue”. Devemos, porém, lembrar, que o bebê saudável só “respira” efetivamente quando sai da água. Imediatamente depois do nascimento em água morna (que inibe a respiração), o bebê se mantém como dentro do útero, quando estava imerso em líquido amniótico: a “respiração” não está estabelecida e as trocas gasosas seguem se efetuando através do cordão umbilical. Mantém-se intacto o reflexo de mergulho, de forma que mesmo uma ou duas gotas de água na laringe são suficientes para desencadear esta resposta, inibindo a inalação de líquido (15).
O risco de aspiração ocorre para os bebês deprimidos (com hipoxia grave), que podem até aspirar o próprio líquido amniótico e, por não terem um bom clearance pulmonar, não expelem o líquido aspirado (16). Deve-se concluir, portanto, que o parto na água não é uma boa opção quando existe o risco de sofrimento fetal e deve ser contra-indicado na presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal (10-14, 17). Salienta-se que a monitorização da frequência cardíaca fetal é importante tanto para partos na água como fora da água, e seu rigor durante o trabalho de parto deve ser observado (17), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) (18).
O American College of Obstetricians and Gynecology (ACOG) não tem posição oficial sobre o parto na água, e no Brasil a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) também não se manifestou sobre o tema. Entretanto, na Inglaterra, tanto o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists como o Royal College of Midwives explicitamente apóiam a imersão de água durante o trabalho de parto e o nascimento, tendo publicado uma diretriz específica sobre o assunto (17).
Em suma, respondendo aos questionamentos no início deste artigo, podemos concluir que o parto na água representa uma opção segura para parturientes de baixo-risco que assim o desejem, devendo-se respeitar a autonomia feminina com respeito à decisão do local de parto. Existem algumas vantagens, como redução da necessidade de analgesia, redução de episiotomia e lacerações espontâneas, menor duração do primeiro e do segundo estágio do parto e maior satisfação materna. Não foi documentado maior risco de infecção materna ou neonatal. O risco de aspiração só existe para bebês deprimidos ou acidóticos, de forma que a ausculta fetal é essencial para monitorização do trabalho de parto. Gestações de alto-risco e presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal representam contra-indicações para o parto na água.
Dentro de uma filosofia de respeito à autonomia materna, as mulheres devem ser informadas sobre as evidências disponíveis acerca do parto na água, devendo fazer uma escolha livre e esclarecida. Possíveis riscos e contra-indicações devem ser discutidos e, como em qualquer procedimento durante a assistência ao parto, deve-se obter a assinatura do termo de consentimento. Fundamental ainda é que o parto na água deve ser assistido por profissionais habilitados com experiência nessa modalidade (17).
Melania Amorim, MD, PhD
Vídeo de parto na água assistido por nossa equipe e disponível no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=3YBHDbx5kEM
REFERÊNCIAS:
1.Kitzinger S. Letter from Europe: water birth: just a fad? Birth 2009; 36 :258-60.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/122592330/PDFSTART
2.Cluett ER, Burns E. Immersion in water in labour and birth. Cochrane Database of Systematic Reviews 2009, Issue 2. DOI: 10.1002/14651858.CD000111.pub3.
http://www.mrw.interscience.wiley.com/cochrane/clsysrev/articles/CD000111/frame.html
3.Nikodem C, Hofmeyr GJ, Nolte AGW, de Jager M. The effects of water on birth: a randomized controlled trial. Proceedings of the 14th Conference on Priorities in Perinatal Care in South Africa; 1995 March 7-10; South Africa. 1995:163-6.
4.Woodward J, Kelly SM. A pilot study for a randomised controlled trial of waterbirth versus land birth. BJOG: an international journal of obstetrics and gynaecology 2004; 111: 537-45.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/118813598/PDFSTART
5.Chaichian S, Akhlaghi A, Rousta F, Safavi M. Experience of water birth delivery in Iran. Arch Iran Med 2009; 12: 468-71.
http://www.ams.ac.ir/AIM/NEWPUB/09/12/5/007.pdf
6.Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence (March 2009).
http://www.cebm.net/index.aspx?o=1025
7.Batton DG, Blackmon LR, Adamkin DH, Bell EF, Denson SE, Engle WA, Martin GI, Stark AR, Barrington KJ, Raju TN, Riley L, Tomashek KM, Wallman C, Couto J; Committee on Fetus and Newborn, 2004-2005. Underwater births. Pediatrics 2005; 115: 1413-4.
http://pediatrics.aappublications.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=15867054
8.Mammas IN, Thiagarajan P. Water aspiration syndrome at birth - report of two cases. J Matern Fetal Neonatal Med 2009; 22: 365-7.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050802556067
9.Geissbuehler V, Stein S, Eberhard J. Waterbirths compared with landbirths: an observational study of nine years. J Perinat Med 2004; 32: 308-14.
http://www.reference-global.com/doi/pdfplus/10.1515/JPM.2004.057
10.Eberhard J, Stein S, Geissbuehler V. Experience of pain and analgesia with water and land births. J Psychosom Obstet Gynaecol 2005; 26: 127-33.
https://commerce.metapress.com/content/16441n2545k90228/resource-secured/?target=fulltext.pdf&sid=zb3zrqbulif0nhrroekunt55&sh=www.springerlink.com
11.Thoeni A, Zech N, Moroder L, Ploner F. Review of 1600 water births. Does water birth increase the risk of neonatal infection? J Matern Fetal Neonatal Med 2005; 17:357-61.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050500140388
12.Thöni A., Zech N., Moroder L. Water birth and neonatal infections. Experience with 1575 deliveries in water. Minerva Ginecol 2005; 57: 199-206.
http://www.minervamedica.it/en/journals/minerva-ginecologica/article.php?cod=R09Y2005N02A0199&acquista=1
13.Thöni A, Zech N, Ploner F. Gebären im Wasser: Erfahrung nach 1825 Wassergeburten. Gynakol Geburtshilfliche Rundsch 2007; 47: 76-80.
http://content.karger.com/
14.Zanetti-Daellenbach RA, Tschudin S, Zhong XY, Holzgreve W, Lapaire O, Hösli I. Maternal and neonatal infections and obstetrical outcome in water birth. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2007; 134: 37-43.
http://www.ejog.org/article/S0301-2115%2806%2900514-8/pdf
15.Burns E, Kitzinger S. Midwifery Guidelines for the use of water in Labour. Oxford Brookes University, 2nd ed. 2005.
http://www.sheilakitzinger.com/WaterBirth.htm#Midwifery%20Guidelines
16.Hermansen CL, Lorah KN. Respiratory distress in the newborn. Am Fam Physician 2007; 76: 987-94.
http://www.aafp.org/afp/2007/1001/p987.html
17. http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/uploaded-files/JointStatmentBirthInWater2006.pdf
18.World Health Organization. IMPAC Integrated Management of Pregnancy and Childbirth. Managing complications in pregnancy and childbirth: a guide for midwives and doctors. Geneva. WHO, 2000.
http://www.who.int/making_pregnancy_safer/publications/archived_publications/mcpc.pdf
Assinar:
Postagens (Atom)