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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Com gosto de vitória

Nem tenho mais coragem de dizer que não tenho tempo para postar...
Desde outubro do ano passado mudei de emprego. Sou repórter do Diário Regional, publicação do ABC. E desde o começo, é claro, queria fazer uma matéria sobre parto humanizado... mas não saia... por tantos motivos que nem vou explicar.
Mas, como um presente de Dia das Mães, ela foi publicada no domingo, me enchendo de felicidade e orgulho. Espero ter conseguido alcançar muitas mulheres que ainda sentem medo do parto normal, que ainda endeusam a cesárea... gostinho de obrigação cumprida, gostinho de vitória. Reproduzo abaixo os textos na íntegra, publicados no Diário Regional do último domingo:

Mulheres apostam no parto humanizado

ALINE MELO
PARA O DIÁRIO REGIONAL




Elas não querem o conforto de hospitais, nem se impressionam com estrelas de TV que aparecem escovadas e maquiadas instantes antes da cirurgia. Em busca de maior protagonismo no momento do parto, um número crescente de mulheres procura atendimento humanizado para o nascimento dos filhos, sem intervenções médicas desnecessárias e com liberdade de escolha.

No lugar de anestesia, optam por massagens e banhos quentes. Ao invés de tomar soro com medicação para acelerar o trabalho de parto, aguardam pela resposta natural dos hormônios que agem durante o processo do nascimento. Esses procedimentos estão presentes no parto humanizado, que de acordo com as gestantes que defendem o método, respeita o tempo da mãe e do bebê.

“Essa concepção considera o parto um processo fisiológico da mulher em que é sujeito da ação de parir e o médico deve ser um facilitador.

Ou seja, a gestante é protagonista”, explicou o diretor de Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, Antônio Luiz Telles. “A ideia de humanizar o parto é dar o máximo de conforto à mulher, criando o melhor e mais adaptado ambiente a ela”, completou.

“Sempre acreditei que o melhor fosse o parto normal. Quando engravidei, comecei a me informar. Depois de esclarecer as minhas dúvidas, fui em busca da equipe humanizada para ter a minha vontade respeitada”, afirmou Jacqueline Alves, técnica de informática e moradora de São Bernardo.

Após ter sua primeira filha de parto normal no Hospital São Luiz, em São Paulo, Jac­queline optou na segunda gravidez por um parto domiciliar. “A decisão natural foi ter em casa, sem intervenção. Já sabia como era o processo e o receio das complicações que me fizeram optar pelo atendimento hospitalar da primeira vez não existiam mais”, declarou.

O parto da técnica de informática foi assistido por um obstetra da Capital e sua equipe, com enfermeira e pediatra. Além disso, Jacqueline também contou com a presença de uma doula, profissional que presta apoio físico, emocional e afetivo às futuras mães.

Aline Gerbelli, fonoaudióloga, também viveu a expe­riência de um parto domiciliar em São Bernardo. Para o momento do nascimento, estavam previstas as presenças da médica obstetra e de uma parteira. “Na hora H, não conseguimos contatar a médica. A parteira amparou o Pedro, que estava com o cordão enrolado no pescoço, e foi tudo muito tranquilo”, contou a profissional de saúde.




Doulas e parteiras auxiliam na vinda do bebê

Mesmo com todos os avanços da medicina, a profissão de parteira não está extinta. A atividade também não está restrita aos sertões e Interior do Brasil. São profissionais cuja atuação vai ao encontro do desejo de mulheres que querem ter uma experiência natural na hora do parto.

A parteira Ana Cris Duarte atende em toda região metropolitana e assistiu 50 partos em 2010. Formada pela primeira turma de parteiras na USP em 2008, atuou como doula de 2001 até a formatura. “No início acompanhava dois partos por mês. Em 2008, esse número já havia subido para oito atendimentos mensais”, afirmou.

Além da parteira, outra profissional que atua nessa área é a doula. A palavra vem do grego “mulher que serve”. Nos dias de hoje, aplica-se àquelas que dão suporte físico e emocional a outras mulheres durante e após o parto.

“A mulher deve ter a oportunidade de escolher o que quer do parto. É um momento único, e vai lembrar dele para o resto da vida”, afirmou Geórgia Gazola, que já tem dez anos de experiência profissional como doula. (AM)


Grupos de apoio auxiliam gestante na hora de fazer escolhas

A agenda apertada de médicos particulares é um dos grandes incentivadores da cesárea no país. “A dinâmica do profissional que atende convênio não permite que se ausente por muito tempo de suas consultas. Assim, para manterem a agenda acabam optando pela cesárea eletiva”, apontou Mauro Sancovski, responsável da Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina do ABC.

Para não acabarem em cirurgia desnecessária, mulheres que querem parto normal procuram ajuda em grupos de apoio para gestantes. Sob supervisão de Deborah Delage e Denise Niy, ativistas do parto humanizado, funciona no ABC o MaternaMente. Com reuniões mensais, mulheres (grávidas ou não) se reúnem para debater os assuntos referentes ao parto e a gestação. “Muitas pedem indicação de profissionais, mas a gente não indica. Procuramos mostrar para a mulher todas as opções disponíveis”, declarou Deborah.

“Não sou contra a cesárea. Bem indicada, salva vidas. O que me assusta é que na maioria das vezes a mulher é tolhida de suas escolhas, não é informada sobre os riscos de uma cirurgia de grande porte”, pontuou a ativista. (AM)

Um comentário:

  1. Saudades amiga!
    Adoro como vc escreve... sempre!

    Ah... adorei a materia. Parabens Li!!

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