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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A maternidade e o peso

Quando nos tornamos mãe, toda nossa vida muda. Tudo. Desde a textura do cabelo, a quantidade de pelos no corpo, o formato dos seios, da barriga. E não é apenas uma mudança física. Nossa visão de mundo, nossas perspectivas, nossos objetivos, nossas prioridades. É uma verdadeira revolução. Junto com aquela criança, nasce uma nova mulher. Aconteceu comigo, tenho certeza que acontece com todas, em menor ou em maior proporção (ou percepção!).

Fui uma adolescente gorda. Ou pelo menos era assim que me enxergava. Hoje, olhando minhas fotos de 15, 10 anos atrás, percebo o quanto tinha uma imagem distorcida de mim mesma. É verdade que na fase onde me achava mais acima do peso e inadequada, evitava tirar fotos. Não existiam as câmeras digitais de hoje e era mais fácil manter o anonimato. Mas os registros que eu tenho, com 15, 16, 18 anos, mostram uma garota nem gorda nem magra.

Esse sempre foi o meu trauma. Ser gorda. Cheguei a pesar 79 quilos perto dos 19 anos. Com 1,62, não era exatamente proporcional. Depois que entrei na faculdade, a correria de estudar e trabalhar e um regime que consistiu em não jantar e não comer arroz e feijão no almoço me ajudou a perder mais de 10 quilos. Fiquei magra. Mas sempre me achava gorda.

Quando engravidei, estava com os meus tão queridos 60 quilos. Sempre foi difícil me manter nesse peso, então, fiquei em pânico pensando nos quilos que iria ganhar. Enjôos fortes no primeiro trimestre e um medo enorme de virar uma baleia me ajudaram a segurar a onde e engordar 10 quilos durante toda a gestação.

Depois do parto e com a amamentação prolongada até os 3 anos, não foi difícil ficar novamente na casa dos 60. Até dois anos atrás, quando a Ana Beatriz desmamou. Desde então, engordei oito quilos e hoje peso 68. Não são os 79 que me apavoravam, mas também não são os 60 que me deixavam mais feliz.

E é aí que entram as mudanças. Porque hoje, não me sinto infeliz com o meu corpo. Hoje, o que me incomoda são as roupas que não me servem e se tivesse dinheiro acho que trocava todo o meu guarda-roupa. Acho que a maternidade faz a gente enxergar como essas preocupações são pequenas.

Penso também no risco de mostrar para a minha filha, desde cedo, que essa preocupação com o peso deve motivar a nossa vida. Não tive esse exemplo da minha mãe. Também porque ela sempre foi magra. Minha mãe era magra, minhas primas eram magras, só eu era gorda. Ou me achava gorda. E é isso. A maternidade já é pesada o bastante para a gente se preocupar com outros pesos.