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sábado, 18 de setembro de 2010

Quando os filhos crescem

Deu trabalho, mas espantei todas as moscas e tirei todas as teias de aranha que estavam por aqui...rsrs...



Com mais ou menos 2 meses

Eu carrego a Bia no sling desde que ela tinha 20 e poucos dias... Queria ter saído da maternidade com ela, mas não consegui encontrar pra comprar antes. Ainda hoje, não é todo dia que eu vejo mães e bebês 'slingando' por aí. No começo era estranho. Demorei um pouco pra pegar o jeito da coisa. Mas quando peguei, foi só alegria... a Bia sempre adorou o sling. E eu, mais ainda... ali ela estava protegida, ali ela podia mamar com conforto e privacidade, ali ela era só minha... sem contar que causávamos um verdadeiro furor por onde andássemos. Mais de uma dúzia de vezes eu fui parada por mães que queriam saber onde podiam comprar, se a bebê gostava, se não doía as costas. Tinha também quem torcesse o nariz, principalmente as pessoas mais velhas, dizendo que aquilo era desconfortável, que ela não ia conseguir andar direito... ai, ai...
E a Bia, sempre que me via colocar o sling, já estendia os bracinhos, toda feliz. Ela ficava mais calma, normalmente dormia, era ótimo.
Mas a farra acabou há uns meses. Não sei ao certo quantos, se quatro, três, dois... mas sei que ela passou a reclamar quando eu tentava colocá-la no sling, até que os protestos foram tão intensos que eu não coloquei mais.
E isso me fez refletir sobre muitas coisas: ela estava me dizendo "mãe, eu cresci, não caibo mais aí". Sim, ela cresceu. E muito. Vai fazer dois anos no próximo mês. Está esperta, inteligente, comunicativa... é uma criança segura, sociável, independente (o quanto um serzinho de 23 meses pode ser independente, é claro!). Em detrimento de tudo o que falam sobre crianças que mamam no seio prolongadamente (sim, eu ainda amamento a minha filha, com o maior prazer, muito obrigada!).
Depois disso eu comecei a pensar quando será o próximo "rompimento". Talvez a amamentação seja o próximo. Mas fui mais longe... vislumbrei quando ela crescer o bastante para não querer mais andar comigo de mãos dadas... ou quando chegar a fase em que eles têm vergonha de nos beijar e serem beijados em público.
E depois disso, já pré-adolescente, talvez ela não queira mais viajar somente com os pais, pois prefira uma amiga ou uma prima por perto. E depois, mais tarde, ela queira viajar não com a família e/ou os amigos, mas com o namorado.
E finalmente, vai chegar o dia em que ela vai crescer tanto que não vai mais caber na nossa casa, na nossa rotina, vai viver a sua vida... e neste dia, e em todos os outros, filha querida, saiba que você nunca vai ser tão grande que não caiba no meu abraço. Nunca vai crescer tanto a ponto de não caber mais no meu coração. E eu espero estar contribuindo pra que você continue tomando suas decisões rumo ao crescimento com firmeza e segurança, por que maior que você, sempre será o meu amor.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

De roupa nova

A Jéssica fez pra mim esse layout lindo, que eu amei. Eu disse pra ela: gosto da cor rosa e de borboletas, e ela com muita sensibilidade e delicadeza me presenteou com uma ilustração linda, linda...
Garota de muito talento, e uma das grandes incentivadoras do meu blog, Je, querida, mais uma vez, muitíssimo obrigada!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

MANIFESTAMOS PELAS MÃES


Mãe que dá o melhor de si e convive com a crônica sensação de que nada é o suficiente.

Mãe de carne, osso e vísceras que, ao se perceber humana, sente-se cada vez mais distante do ideal de devoção da Santa Mãezinha. E por isso se culpa.

Mãe que comprou o sabonete com óleos essenciais, o iogurte com fibras, o desinfetante com cloro ativo, a fralda com bloquigel e mesmo assim seu filho não dormiu a noite inteira, seu marido se queixa e sua casa não é o templo limpo, perfumado e livre de insetos que aparece na TV.

Mãe mulher, dona de casa, profissional e amante, que segue passo a passo as dicas das revistas femininas para conciliar seus inúmeros papéis e virar “super”, mas ainda não encontrou sua capa.

Mãe cuja única preparação para a mais dramática mudança da sua vida foi o cursinho da maternidade e, se privilegiada, a decoração do quartinho e a compra do enxoval.

Mãe que vive em uma sociedade que a glorifica, ao mesmo tempo em que a obriga a terceirizar a criação dos seus filhos. Seja por necessidade, independência ou reconhecimento. Como se, em qualquer um desses casos, essa não fosse uma decisão extremamente difícil.

Mãe que se divide diariamente entre a administração do lar e da profissão, encarando múltiplas jornadas que a levam constantemente à exaustão física e emocional.

Mãe que se dedica de corpo e alma ao significativo projeto de criar uma criança, enfrentando um nível de cobrança superior ao de qualquer chefe ranzinza e cliente exigente. 365 dias por ano, 24 horas por dia. E mesmo assim é percebida como alguém que não faz nada. Até por si mesma.

Mãe pobre que, quando opta pelos filhos, é acomodada. Quando rica, é madame. E, quando profissional, é ausente.

MANIFESTAMOS PELA MATERNIDADE

E, portanto, pela liberdade de sentir. De seguir os instintos. De viver em plenitude emoções e sentimentos totalmente femininos. Pois negá-los, seria abrir mão daquilo que faz da mulher, um ser único.

Manifestamos pelo direito de cada mulher escolher o papel que melhor lhe cabe no momento. Sem se sentir pressionada, desmerecida ou julgada pelo que decidiu não ser.

Manifestamos por parir de forma saudável, humana e tranquila e que essa seja uma decisão consciente da mãe. Amparada por uma equipe de profissionais da saúde que a respeitam, orientam, acompanham e zelam pelo bem estar dela e do bebê.

Manifestamos pelo direito de amamentar a cria, sem ser pressionada por profissionais da saúde mal formados ou parentes bem intencionados, a substituir por mamadeira, o alimento que só o seu peito pode dar.

Manifestamos pela aceitação da metamorfose e da mudança de valores que a chegada de uma criança proporciona na vida de qualquer adulto. E pela valorização desta transformação na sociedade, como contraponto para a cultura do egoísmo e da juventude eterna.

MANIFESTAMOS PELO ATIVISMO ANÔNIMO E INCANSÁVEL DAS MÃES

Nas trincheiras domésticas de uma sociedade cada vez mais dominada pelas leis cruéis do mercado.

E apoiamos as mães que questionam. Que boicotam.

Que compram e deixam de comprar. Que sabem o que servem à mesa e o que jogam no lixo.

Que desligam a TV, controlam o videogame e a quantidade de açúcar.

Mães que tentam proteger a infância e não desistem diante do bombardeio de mensagens que estimulam a erotização e o consumo precoces.

Mães que empreendem, que inventam, que abrem mão, que buscam alternativas, que assumem o vazio e a sobrecarga. E promovem viradas.

Mães que brigam por uma escola melhor, mais humana e significativa; pública ou privada.

Que pensam globalmente e agem localmente, casa a casa, família a família.

E que administram seus lares, como se ali começasse a mudança que desejam para o planeta.

MANIFESTAMOS PELA TOMADA DE CONSCIÊNCIA FAMILIAR

Pela valorização do papel da mãe no seio da família e pelo fim das hipócritas tentativas de minimizar a diferença que a presença dela faz.

Pelo reconhecimento da vital importância da maternidade para a humanidade, e por ações sociais e políticas que valorizem e estimulem a atuação da mãe.

Por uma rede de relacionamentos que coloque novamente mulheres de diferentes gerações em contato, reconstruindo referências que foram deturpadas e estereotipadas pela mídia e pela sociedade.

Por mães unidas para estudar, compartilhar experiências e desenvolver novos pontos de vista para este tema milenar, universal e ainda tão incompreendido.

Por uma nova formação familiar, focada no bem estar integral dos seres humanos e não somente no bem estar material.

Por pais que valorizam a tomada de consciência materna, dando sua participação necessária para que ela floresça. Mesmo sem entendê-la completamente.

Por mães que partilhem com seus parceiros as responsabilidades, agruras e alegrias de se cuidar dos filhos, sendo entendido que eles pertecem aos dois, igualmente.

Manifestamos pela ausência de fórmulas, de guias práticos e de respostas prontas, pois cada mulher é livre para buscar seu caminho e desenvolver sua história. No seu tempo, no seu ritmo e na sua individualidade.

Manifestamos pela conciliação de uma maternidade moderna com uma maternidade mais plena.

Manifestamos por você e por nós. Pela Terra e por todos os filhos que dela vieram e ainda virão.

Manifestamos pelas mães!

Assine o Manifesto pelas Mães. Acesse o site do Grupo Cria.

Parto na água

Mais um excelente artigo assinado pela dr. Melania, e publicada no site Guia do Bebê.


Muito tem se debatido sobre o parto na água: é seguro? Quais as vantagens? Há maior risco de infecção? Quais os riscos para o bebê? Existem contra-indicações? O fato é que cada vez essa modalidade de parto tem se tornado disponível em diversas maternidades e pode representar também uma opção para os partos domiciliares (1).

A imersão em água durante o trabalho de parto tem sido referendada como um método útil para o alívio da dor do parto. Uma revisão sistemática disponível na Biblioteca Cochrane avalia a imersão em água durante o primeiro e o segundo estágios do parto (dilatação e expulsão, respectivamente) (2). Foram incluídos 11 ensaios clínicos randomizados (ECR) , dois dos quais avaliaram a imersão em água durante o período expulsivo. Nos ECR avaliando a imersão em água durante a fase de dilatação, observou-se significativa redução da dor e decréscimo da necessidade de analgesia farmacológica (peridural ou combinada). Os autores sugerem que a imersão em água durante o primeiro estágio do parto pode ser recomendada para parturientes de baixo-risco (2).

Nos dois ensaios clínicos avaliando o segundo estágio, ou seja, o parto assistido na água, não houve aumento do risco de desfechos maternos e neonatais adversos e verificou-se aumento da satisfação materna (3,4). No entanto, devido ao pequeno número de casos (240) e ao fato de várias mulheres randomizadas para ter parto na água na verdade pariram fora da água, não foi possível, as informações foram limitadas e os autores da revisão sistemática comentam que as evidências são insuficientes para recomendar ou contra-indicar o parto na água. Um outro ensaio clínico randomizado foi publicado depois desta revisão sistemática (5) e os seus resultados devem em breve ser incorporados, podendo gerar novas conclusões: neste estudo, verificou-se, além da redução da necessidade de analgésicos, menor duração do parto e redução do risco de cesárea no grupo que teve o parto na água.

Tendo em vista a escassez de ensaios clínicos randomizados (evidência nível I), e considerando que pode ser de fato difícil randomizar as mulheres para essa modalidade de parto, uma revisão sobre vantagens e desvantagens do parto na água deve se estender aos estudos observacionais, embora esses representem uma evidência de qualidade mais baixa (nível II) (6).

Alguns relatos de caso (7,8) sugerem efeitos prejudiciais para o recém-nascido, relacionando maior risco de desconforto respiratório no período neonatal. Entretanto, relatos de caso constituem um nível de evidência muito pobre (nível III ou IV), porquanto uma relação causal não pode ser estabelecida. Assim, estudos observacionais incluindo grande número de casos e comparando partos na água e fora da água devem ser privilegiados.

Um grande estudo publicado em 2004 comparou 3.617 partos na água e 5.901 controles (9). O parto na água se associou a redução das lacerações perineais, menor perda sanguínea e menor necessidade de analgesia de parto. Não houve diferença na taxa de infecção materna e neonatal. Outros estudos publicados nos anos subsequentes confirmaram esses achados, sugerindo que o parto na água representa uma alternativa valiosa e promissora ao parto fora da água (10, 11, 12, 13). O estudo mais recente foi publicado em 2007 e demonstrou ainda que a imersão em água se associou com menor duração tanto da fase de dilatação como da fase de expulsão do parto, sem aumento do risco de infecção materna e neonatal (14). Todos esses estudos destacam que critérios rigorosos de seleção foram observados e que essas conclusões só podem ser extrapoladas para parturientes de baixo-risco.

Uma preocupação constante de vários leigos e mesmo de alguns profissionais é o risco de aspiração de água, traduzido pelo receio de que “o bebê se afogue”. Devemos, porém, lembrar, que o bebê saudável só “respira” efetivamente quando sai da água. Imediatamente depois do nascimento em água morna (que inibe a respiração), o bebê se mantém como dentro do útero, quando estava imerso em líquido amniótico: a “respiração” não está estabelecida e as trocas gasosas seguem se efetuando através do cordão umbilical. Mantém-se intacto o reflexo de mergulho, de forma que mesmo uma ou duas gotas de água na laringe são suficientes para desencadear esta resposta, inibindo a inalação de líquido (15).

O risco de aspiração ocorre para os bebês deprimidos (com hipoxia grave), que podem até aspirar o próprio líquido amniótico e, por não terem um bom clearance pulmonar, não expelem o líquido aspirado (16). Deve-se concluir, portanto, que o parto na água não é uma boa opção quando existe o risco de sofrimento fetal e deve ser contra-indicado na presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal (10-14, 17). Salienta-se que a monitorização da frequência cardíaca fetal é importante tanto para partos na água como fora da água, e seu rigor durante o trabalho de parto deve ser observado (17), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) (18).

O American College of Obstetricians and Gynecology (ACOG) não tem posição oficial sobre o parto na água, e no Brasil a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) também não se manifestou sobre o tema. Entretanto, na Inglaterra, tanto o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists como o Royal College of Midwives explicitamente apóiam a imersão de água durante o trabalho de parto e o nascimento, tendo publicado uma diretriz específica sobre o assunto (17).

Em suma, respondendo aos questionamentos no início deste artigo, podemos concluir que o parto na água representa uma opção segura para parturientes de baixo-risco que assim o desejem, devendo-se respeitar a autonomia feminina com respeito à decisão do local de parto. Existem algumas vantagens, como redução da necessidade de analgesia, redução de episiotomia e lacerações espontâneas, menor duração do primeiro e do segundo estágio do parto e maior satisfação materna. Não foi documentado maior risco de infecção materna ou neonatal. O risco de aspiração só existe para bebês deprimidos ou acidóticos, de forma que a ausculta fetal é essencial para monitorização do trabalho de parto. Gestações de alto-risco e presença de padrões anômalos de frequência cardíaca fetal representam contra-indicações para o parto na água.

Dentro de uma filosofia de respeito à autonomia materna, as mulheres devem ser informadas sobre as evidências disponíveis acerca do parto na água, devendo fazer uma escolha livre e esclarecida. Possíveis riscos e contra-indicações devem ser discutidos e, como em qualquer procedimento durante a assistência ao parto, deve-se obter a assinatura do termo de consentimento. Fundamental ainda é que o parto na água deve ser assistido por profissionais habilitados com experiência nessa modalidade (17).

Melania Amorim, MD, PhD

Vídeo de parto na água assistido por nossa equipe e disponível no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=3YBHDbx5kEM

REFERÊNCIAS:

1.Kitzinger S. Letter from Europe: water birth: just a fad? Birth 2009; 36 :258-60.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/122592330/PDFSTART

2.Cluett ER, Burns E. Immersion in water in labour and birth. Cochrane Database of Systematic Reviews 2009, Issue 2. DOI: 10.1002/14651858.CD000111.pub3.
http://www.mrw.interscience.wiley.com/cochrane/clsysrev/articles/CD000111/frame.html

3.Nikodem C, Hofmeyr GJ, Nolte AGW, de Jager M. The effects of water on birth: a randomized controlled trial. Proceedings of the 14th Conference on Priorities in Perinatal Care in South Africa; 1995 March 7-10; South Africa. 1995:163-6.

4.Woodward J, Kelly SM. A pilot study for a randomised controlled trial of waterbirth versus land birth. BJOG: an international journal of obstetrics and gynaecology 2004; 111: 537-45.
http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/118813598/PDFSTART

5.Chaichian S, Akhlaghi A, Rousta F, Safavi M. Experience of water birth delivery in Iran. Arch Iran Med 2009; 12: 468-71.
http://www.ams.ac.ir/AIM/NEWPUB/09/12/5/007.pdf

6.Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence (March 2009).
http://www.cebm.net/index.aspx?o=1025

7.Batton DG, Blackmon LR, Adamkin DH, Bell EF, Denson SE, Engle WA, Martin GI, Stark AR, Barrington KJ, Raju TN, Riley L, Tomashek KM, Wallman C, Couto J; Committee on Fetus and Newborn, 2004-2005. Underwater births. Pediatrics 2005; 115: 1413-4.
http://pediatrics.aappublications.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=15867054

8.Mammas IN, Thiagarajan P. Water aspiration syndrome at birth - report of two cases. J Matern Fetal Neonatal Med 2009; 22: 365-7.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050802556067

9.Geissbuehler V, Stein S, Eberhard J. Waterbirths compared with landbirths: an observational study of nine years. J Perinat Med 2004; 32: 308-14.
http://www.reference-global.com/doi/pdfplus/10.1515/JPM.2004.057

10.Eberhard J, Stein S, Geissbuehler V. Experience of pain and analgesia with water and land births. J Psychosom Obstet Gynaecol 2005; 26: 127-33.
https://commerce.metapress.com/content/16441n2545k90228/resource-secured/?target=fulltext.pdf&sid=zb3zrqbulif0nhrroekunt55&sh=www.springerlink.com

11.Thoeni A, Zech N, Moroder L, Ploner F. Review of 1600 water births. Does water birth increase the risk of neonatal infection? J Matern Fetal Neonatal Med 2005; 17:357-61.
http://informahealthcare.com/doi/pdf/10.1080/14767050500140388

12.Thöni A., Zech N., Moroder L. Water birth and neonatal infections. Experience with 1575 deliveries in water. Minerva Ginecol 2005; 57: 199-206.
http://www.minervamedica.it/en/journals/minerva-ginecologica/article.php?cod=R09Y2005N02A0199&acquista=1

13.Thöni A, Zech N, Ploner F. Gebären im Wasser: Erfahrung nach 1825 Wassergeburten. Gynakol Geburtshilfliche Rundsch 2007; 47: 76-80.
http://content.karger.com/

14.Zanetti-Daellenbach RA, Tschudin S, Zhong XY, Holzgreve W, Lapaire O, Hösli I. Maternal and neonatal infections and obstetrical outcome in water birth. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2007; 134: 37-43.
http://www.ejog.org/article/S0301-2115%2806%2900514-8/pdf

15.Burns E, Kitzinger S. Midwifery Guidelines for the use of water in Labour. Oxford Brookes University, 2nd ed. 2005.
http://www.sheilakitzinger.com/WaterBirth.htm#Midwifery%20Guidelines

16.Hermansen CL, Lorah KN. Respiratory distress in the newborn. Am Fam Physician 2007; 76: 987-94.
http://www.aafp.org/afp/2007/1001/p987.html

17. http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/uploaded-files/JointStatmentBirthInWater2006.pdf

18.World Health Organization. IMPAC Integrated Management of Pregnancy and Childbirth. Managing complications in pregnancy and childbirth: a guide for midwives and doctors. Geneva. WHO, 2000.
http://www.who.int/making_pregnancy_safer/publications/archived_publications/mcpc.pdf

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A informação e o que se pode fazer dela

Não tenho tido muito tempo de postar no blog, o que me entristece muito, mas li essa carta e não pude deixar de reproduzilá-aqui. É uma carta da Rede Parto do Princípio, direcionada ao candidato José Serra. A informação é sempre o que nos salvará dos maiores erros, porém, quando manipuladas, elas podem nos levar ao erro, ao invés de nos salvar deles.
Carta Aberta a José Serra


Necessidade Urgente de Retificação do Programa Eleitoral do Candidato José Serra

A Parto do Princípio – Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa (http://www.partodoprincipio.com.br/) entende como propaganda enganosa o trecho do vídeo do Programa Eleitoral do Candidato José Serra exibido em cadeia nacional de rádio e televisão no dia 17 de junho de 2010.

Transcrição realizada através da cópia das legendas do vídeo disponível em: http://joseserra.psdb.org.br/noticias/serra-sabe-fazer-e-faz (a partir do minuto 4:10 do vídeo de 10 minutos) “[...] E olha só o que ele fez pras futuras mamães: [...] O Programa Mãe Paulistana. Seis consultas de pré-natal, vale transporte, parto em hospital marcado com antecedência. Tudo de graça.”

A mensagem do vídeo pode ser comumente entendida como agendamento do parto, assim como são agendadas as cesarianas tão frequentes nos setores suplementar e privado de assistência à saúde brasileiros.

Apesar de muitas mulheres desejarem escolher a via de parto de seus filhos (parto normal ou cesariana), induzir e subentender que marcar a data do parto seria um benefício contradiz totalmente com o que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde, pelo Ministério da Saúde, e Pelo Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.

Ao contrário do que é sugerido pelo vídeo, no setor público as mulheres não escolhem a via de parto, sendo esta uma decisão baseada em indicações clínicas que tornem necessária uma intervenção cirúrgica. As evidências científicas indicam que a realização de uma cirurgia desnecessária aumenta os riscos de morbi-mortalidade materna e neonatal.

Outra interpretação possível da mensagem é de que haveria possibilidade de reservar vaga em hospital antecipadamente. Porém, o Programa Mãe Paulistana não contempla tal procedimento, de acordo com as informações disponibilizadas pela própria Prefeitura de São Paulo. O que existe é uma Central de Regulação que presta apoio quando há falta de vagas.

Diante dessa mensagem cujas duas possíveis interpretações carecem de fundamento, faz se necessária e urgente retificação da mensagem transmitida com nota de esclarecimento sobre os benefícios do parto normal. Solicitamos também que seja dada a devida publicidade a que o programa efetivamente propõe. Esse, sim, seria o compromisso do candidato com o que é melhor para a saúde das mulheres e seus bebês.

Vale lembrar que, em todo o Brasil, as gestantes tem direito à no mínimo seis consultas de pré-natal pelo SUS. E na cidade de São Paulo, o vale transporte e a garantia de vagas nos leitos dos hospitais públicos municipais e conveniados com o SUS são direitos das gestantes desde 2001 (Lei Municipal nº 13.211 de São Paulo aprovada e sancionada por Marta Suplicy).

Caso o candidato considere necessário expor sobre assuntos referentes à assistência à gestante durante sua gestão, sugerimos citar a Lei Estadual 13.069 de 2008 do Estado de São Paulo, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos serviços de saúde informar sobre o direito à presença do acompanhante no parto. Apesar de até hoje não estar sendo cumprida por muitos hospitais do Estado de São Paulo, é uma lei que foi promulgada durante sua gestão. Aproveitamos para salientar que também as Leis Estadual (Lei Estadual nº 10.241 de 1999) e Federal (Lei Federal nº 11.108 de 2005) do Acompanhante no Parto continuam sendo desrespeitadas em muitos hospitais públicos e particulares do Estado de São Paulo.

Gostaríamos ainda de saber qual foi a intenção da menção de que é “Tudo de graça” quando sabemos que se trata de direitos garantidos por lei e assistência pública à saúde. Desde 1988, com a promulgação da Constituição da República, a saúde é direito de todos e dever do Estado, financiada por tributos para os quais a população inteira contribui. Não é de graça, pagamos por isso.

O Brasil não pode mais permitir propaganda enganosa.

Parto do Princípio
Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa

Uma rede nacional, com mais de 100 mulheres por todo o Brasil, que luta para que toda mulher possa ter uma maternidade consciente e ativa através de informação adequada e embasada cientificamente sobre gestação parto e nascimento.

http://www.partodoprincipio.com.br/

Mais informações, acesse:

Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=32350&janela=1

Programa Mãe Paulistana

http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/mae_paulistana/estrutura.asp

Parto Normal: mais segurança para a mãe e o bebê

http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=20911

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Contra fatos não há argumentos, parte II

A Dr Melania é uma grande ativista pela humanização do parto no Brasil. Está publicando uma série de artigos no site Guia do Bebê e eu vou sempre colocar o link pra eles aqui.
O primeiro é Parto Normal vs. Cesárea: a magnitude do problema.
Muito bem escrito, com total embasamento científico. Pra explodir de orgulho!

Contra fatos não há argumentos

Adoro quando essas coisas saem na mídia. Comprovam por estudos o que a natureza nos ensina há séculos, e mesmo assim, teimamos em fechar os olhos e não enxergar.
Parto normal pode passar ao bebê bactérias 'boas' da mãe
Bebês nascidos por parto normal ou cesariana desenvolvem bactérias diferentes no corpo


Recém-nascidos podem ser inoculados com "boas" bactérias durante o parto, e os que nascem de cesariana ´podem perder essa oportunidade', informam cientistas.

O estudo mostra que os bebês nascidos de parto normal saíam revestidos por bactérias benignas do corpo da mãe, enquanto que os nascidos cirurgicamente tinham bactérias mais genéricas na pele.

Para ler na íntegra, clique aqui.

Fonte: Estadão

Relatos de Parto = Palavras de Amor

Durante a gravidez eu li muitos, muitos, muuuuitos relatos de parto. Em casa, em hospitais, em casas de parto... aqueles relatos, aquelas palavras, me moviam, me levavam para onde eu realmente queria estar no momendo do nascimento da minha filha: um parto ativo, onde eu pudesse ter escolhas, e essas escolhas fossem respeitadas.
Foram muitas lágrimas de emoção, algumas de tristeza, lendo o que algumas mulheres passam para vivenciar o que deveria ser o momento mais comemorado e feliz de sua vida, a sua feminilidade expressada com o grau máximo que ela pode ter...
Tudo isso pra dizer que um dos melhores que eu li foi o da Pati Merlin, doula de Curitiba, que ela gentilmente autorizou que eu colocasse o link aqui para vcs lerem. Não consegui achar o link certinho do relato, mas não é uma postagem mto antiga no blog, então, tá facil de achar.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Teste seu médico

Este teste está disponível no site Amigas do Parto. Toda gestante deveria andar com ele embaixo do braço.
Essa é uma lista bem humorada de perguntas a se fazer ao seu obstetra. Na verdade é um teste para verificar que tipo de médico ele é: do mais intervencionista ao mais liberal. Apesar do tom informal, as "respostas certas" foram inspiradas nas evidências científicas e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde.


1) Qual a sua postura em relação à "cesárea x parto normal"?
a) O parto normal é o melhor, mas só dá para saber na hora.
b) Hoje em dia não faz sentido ter bebê por parto normal, com as técnicas de cirurgia tão avançadas e seguras. A recuperação é rápida e graças aos novos antibióticos, antinflamatórios, antitérmicos e analgésicos, você pode ter uma vida quase normal em menos de 2 meses.
c) O parto normal é melhor, mas na sua idade (ou com o seu peso, ou nessa época do ano, ou para uma pessoa sensível como você) a cesárea é mais garantida.
d) O parto normal é melhor e pelo menos 90% das mulheres podem dar à luz naturalmente. Você também tem tudo para ter um parto normal e nós vamos nos preparar para isso!

2) Quais intervenções no parto você considera essenciais?
a) O que eu uso nos partos é o soro com ocitocina (hormônio) para acelerar as contrações, episiotomia (corte no períneo) e rompimento da bolsa aos 5 cm de dilatação. Mas às vezes tenho outras idéias durante o parto. Depende do dia e dos meus compromissos.
b) Eu uso as intervenções apenas em raros casos, até porque a maioria delas podem ter efeitos colaterais indesejáveis. A natureza pensou em tudo, para a grande maioria das mulheres.
c) Só a anestesia, porque acho que a mulher não deve sentir dor. O resto varia de mulher para mulher.
d) Só a episiotomia, porque o parto pode destruir a vagina da mulher e provocar incontinência urinária.

3) Em que posição posso dar à luz? Posso ter um parto de cócoras?
a) Ra ra ra ra.... Parto de cócoras? Você não é índia, é? A mulher de hoje não tem musculatura para ficar de cócoras. Você quer ser partida ao meio, minha filha?
b) Semi-reclinada, pois no centro obstétrico da maternidade onde atendo, tem uma mesa de parto que permite que a paciente eleve um pouco as costas.
c) Da forma que você se sentir mais confortável, podendo ser de cócoras, de quatro, de lado ou de outro jeito que você inventar. A única posição que eu procuro não incentivar é deitada, porque o bebê pode ter o suprimento de oxigênio comprometido.
d) Como assim? Existe outra posição para dar à luz que não seja deitada?

4) Qual será sua postura caso eu recuse alguns procedimentos que você esteja recomendando?
a) O parto é seu. Você decide o que é melhor. Se eu indicar um procedimento, vou te explicar porque, vantagens e desvantagens, mas quem tem que resolver é você.
b) Eu não recomendo procedimentos. Eu faço. Na hora do parto você não tem condições de discutir o que é bom para você. Aliás, desde o início da gravidez a mulher tem o comportamento alterado, bem como a capacidade de discernimento.
c) Eu terei que abandonar o atendimento e chamar um plantonista, pois não quero me responsabilizar pelas desgraças que podem acontecer ao seu bebê.
d) Você não tem o direito de recusar um procedimento que está sendo prescrito para o bem do seu bebê.

5) Até quanto tempo você espera na gestação, antes de indicar procedimentos por "passar da data"?
a) Eu espero até 40 semanas. Depois disso faço a cesárea. Nem tento a indução, porque é tempo perdido. Ou você prefere arriscar a vida do seu filho e viver com esse peso pro resto dos seus dias?
b) A gestação normal vai de 38 a 42 semanas. O que eu proponho é um cuidado mais intenso depois que passa de 41 semanas. Mas a princípio, enquanto o bebê e a placenta estiverem bem, eu não faço nada. Passadas 42 semanas, podemos começar a pensar em indução do parto.
c) Eu espero até 40 semanas. Depois disso interno para induzir com soro.
d) Eu espero até 41 semanas e depois interno para induzir com citotec.

6) Você tem o hábito de pedir permissão e informar tudo o que você acha necessário fazer durante a gestação e o parto?
a) Como assim, pedir permissão? Eu estudei 10 anos, trabalho há 15 anos com partos e sei o que estou fazendo. Se for pedir permissão para fazer tudo, vou passar o dia nessa lenga-lenga com minhas pacientes.
b) Só peço permissão quando acho que o procedimento vai doer.
c) Não faço nem um exame vaginal sem pedir permissão, pois o corpo é seu, o parto é seu. Meu dever é fazer o melhor, desde que você me permita e entenda o que está acontecendo.
d) Depende do dia, pois às vezes depois de 2 plantões seguidos, eu fico meio impaciente.

7) Qual é a sua taxa de cesáreas?
a) Não sei, não tenho contado ultimamente... Se é alto? Não considero alto, porque hoje em dia as mulheres só querem cesárea. A culpa não é minha. Elas já chegam com uma ideia pré-concebida.
b) Minha taxa de cesárea é baixa, cerca de 40-45%...
c) A taxa é de 20%.. De partos normais..
d) Minha taxa de cesárea está perto de 25%, o que ainda considero alta, mas estou tomando algumas providências para tentar baixar para os 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde

8) Posso levar meu marido e uma acompanhante (doula) para o meu parto?
a) Por mim você pode levar qualquer pessoa que faça você se sentir segura e tranqüila.
b) Porque? Você vai dar uma festinha no centro obstétrico? Quer ver seu marido desmaiando? Eu acho que um acompanhante já é muito.
c) Pode levar só o marido, mas só depois que ele fizer a preparação comigo, porque eu quero um aliado, não um inimigo me vigiando.
d) Não, eu acho que acompanhantes atrapalham, perturbam o ambiente, fazem muita pergunta, deixam a mulher insegura, ficam questionando o médico. Eu não atendo a família, eu atendo a gestante!

9) Você acha possível um parto normal depois de uma cesárea?
a) Você está louca? Quem andou falando uma bobagem dessas para você? Deixa disso, minha filha, isso é coisa de natureba inconseqüente.
b) É possível, mas tem que usar fórceps para não ter um período expulsivo prolongado.
c) É possível se o trabalho de parto não passar de 4 horas.
d) É possível e é uma ótima opção, com grandes chances de dar certo.

10) Você acha que tendo uma gestação de baixo risco posso ter meu bebê em casa?
a) Sim, o local do parto deve ser escolhido por você e seu marido. Se essa f or sua opção, devemos tomar algumas precauções, como ter um hospital relativamente perto para o caso de precisarmos de remoção. Mas geralmente não há necessidade.
b) Sim, mas eu não atendo partos domiciliares. Posso tentar te indicar um médico que faça.
c) Você enlouqueceu? Quer matar seu bebê? Quer se matar? Já pensou como é agradável sangrar até a morte com sua família te olhando sem ter o que fazer?
d) Sim, mas é muito arriscado. Muito mesmo. Você está com ideias muito românticas sobre o parto. Deveria fincar os pés no chão.

11) Devo fazer um curso de preparação para o parto?
a) É bom, não porque você não sabe o que é certo, mas o curso vai te dar dicas preciosas, vai te dar boas sugestões para um parto agradável, vai te dar dicas de amamentação. No mais, você vai entrar em contato com outras gestantes, o que pode ser uma experiência bastante enriquecedora.
b) Bobagem. Na hora eu te digo o que é certo ou errado. Eu estudei 10 anos, pratiquei mais 15 e te garanto que sei fazer um parto. É só você ficar deitada quietinha que tudo vai dar certo.
c) Faça apenas o curso do hospital, para saber onde é a entrada, como são as rotinas do hospital, como se comportar e o que esperar.
d) Tanto faz. Você também pode ler essas revistas para mãezinhas que tem todas as dicas que você precisa de enxoval, decoração, exames médicos e tal.

12) Quantos exames de ultrassom eu devo fazer ao longo da gestação?
a) O ideal é fazer em todas as consultas e por isso eu já tenho um aparelho aqui no consultório. A gente já vai vendo a carinha do bebê, como ele se mexe, todas as partes do corpo e tudo o mais.
b) Você deve fazer pelo menos 4 para ver se o crescimento do bebê está bom.
c) Eu recomendo fazer o menor número possível de exames, pois ainda não foi totalmente provado que o ultrassom é inóquo. Algumas pesquisas apontam para uma posssível alteraçao no cérebro em bebês que passam por muitos exames na gestação. Só vou pedir esses exames se tivermos que confirmar algum diagnóstico.
d) O máximo que o seu plano de saúde permitir antes de vir aqui me atazanar a paciência.

Resultados - some os pontos:

1- a(2) / b(1) / c(2) / d(3)

2- a(1) / b(3) / c(2) / d(2)

3- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)

4- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)

5- a(1) / b(4) / c(2) / d(3)

6- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)

7- a(1) / b(2) / c(1) / d(3)

8- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)

9- a(1) / b(2) / c(2) / d(3)

10- a(3) / b(2) / c(1) / d(2)

11- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)

12- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)

Se seu médico fez entre 12 e 20 pontos: Fuja, saia correndo, ligue dizendo que você não está grávida, era um engano, foi apenas má digestão. Você tem certeza que ele tem um diploma válido em território nacional? Ter um parto com esse médico e sair ilesa é tão garantido quanto acertar na Megasena, sem ter comprado um bilhete.

Se seu médico fez entre 21 e 30 pontos: É melhor você trocar de médico e procurar alguém mais antenado com as novas tendências em atendimento obstétrico. Seu médico pode até ser bem intencionado, mas definitivamente é mal informado. Pode ser que dê um bom ginecologista, mas como parteiro deixa muito a desejar!

Se seu médico fez entre 31 e 37 pontos: O cara é fera, conhece e aplica as recomendações da Organização da Saúde e as evidências científicas. Aparentemente evita procedimentos médicos que podem atrapalhar o trabalho de parto. É respeitoso e honesto. Parece um cara do bem, um bom partido. Me arruma o telefone dele?
Ana Cris Duarte
Amigas do Parto

Sexo é saúde, Saúde é vida, Vida é Parto, Parto é Sexo...

Muitas amigas minhas, quando grávidas, me perguntavam como ficava a vida sexual durante os nove meses. Eu também já tive essa dúvida. A minha experiência foi ótima. Os hormônios a mil, não tinha tempo ruim que atrapalhasse a nossa festa...rsrs...
Mas muitas mulheres temem por essa fase. Medo de machucar o bebê, prejudicar a gravidez, ou coisas do gênero. O ato sexual se assemelha muito com um parto ativo. Vejamos: um acontecimento que precisa de intimidade entre as pessoas envolvidas, onde a mulher se sinta segura e à vontade pra se expressar, gemer ou até gritar, se isso a fizer se sentir bem. Uma luz baixa, talvez uma música que relaxe. Sem muito barulho, um ambiente de tranquilidade.
Eu posso estar descrevendo um parto ou incríveis horas de amor. Os hormônios que agem durante o trabalho de parto são os mesmos que atuam durante o ato sexual. Mas o fato é que vivemos em uma sociedade onde (parafreseando um e-mail da lista Parto Nosso, mais uma vez!) usar tapa-sexo como única roupa no carnaval pode, mas experimente tirar o peito da blusa pra amamentar seu filho em público, pra ver.
Bom, tudo isso é pra falar que a Kalu escreveu no blog Mamíferas um texto incrível sobre o assunto, e o link está aqui, para o deleite de todos. Boa leitura!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Nunca te vi, sempre te amei - Relato do parto da Ana Beatriz

Procurei nos arquivos da lista do yahoo Parto Nosso e achei o relato do parto da Bia... vou colocar aqui na íntegra, e depois faço alguns comentários.

A gravidez


Dia 11/10, 13 dias antes da Bia nascer

Descobrir que eu estava grávida foi, ao mesmo tempo, muita alegria; pois já há um bom tempo eu sempre dizia que me sentia preparada, pronta pra ser mãe; e susto; pois não foi nada planejado, o Ale e eu estávamos juntos há apenas dois meses. Já nos conhecíamos há muito tempo, ficamos quatro anos sem nenhum contato, e quando nos reencontramos foi amor à segunda vista.

Eu sempre pensei em ter um parto normal, nunca quis uma cesárea, mas depois de engravidar, comecei a pesquisar sobre partos e descobri que o que eu achava ser o parto normal não tinha lá tanta normalidade. Induções, intervenções mil, tudo fazendo de um momento lindo um processo quase industrial. Não, definitivamente, aquilo não era o que eu queria pra mim e pro baby.

Logo que eu engravidei tive que mudar de ginecologista por causa do plano de saúde, e o meu novo médico era um senhor bem tradicionalista. Aos quase 4 meses de gravidez, eu o questionei se o fato de eu ter retirado um mioma do útero 6 anos antes seria impeditivo para o meu parto normal. Ele disse que sim, que não havia por que correr riscos, que o melhor era marcarmos uma cesárea.

Á essa altura, eu já estava participando da lista PartoNosso, e já esperava essa resposta. Então, calmamente, saí do consultório e nunca mais voltei. Conversando com a minha sogra, ela disse: "Vamos à minha médica! Ela é ótima! É médica da metade da família, e super a favor de parto normal!".

Que bom! Fomos à médica, no dia seguinte. Levei meus exames, e comecei a contar pra ela minha história, e frisei: "Pelo que eu andei lendo, eu posso sim ter um parto normal, e por isso quis procurar uma segunda opinião." E a "super-médica-a-favor-do- parto" me disse: "Nem pensar! Pra você, só cesárea. E de 38 semanas, por que se você entrar em trabalho de parto, o seu útero pode se romper, vc pode morrer, seu bebê pode morrer... não precisa correr riscos. As cesáreas hoje são super seguras, a recuperação é tranquila. Parto natural, parto humanizado, é tudo muito bonito, mas depois de 5 ou 6 horas de trabalho de parto vc vai IMPLORAR (sim, foi isso o que ela disse. Pra uma pessoa que ela nunca havia visto até aquele dia) por uma cesárea."

Eu fiquei tão chocada, que nem tive resposta. Saí do consultório, liguei pra minha mãe aos prantos, não havia nada que me consolasse, meu mundo havia caído. No dia seguinte, eu enviei um e-mail pra lista (Parto Nosso) contando todos os detalhes, e claro, recebi muito apoio, respostas sinceras, e um conselho que eu nunca mais esqueci, de um obstetra que realmente apóia o parto normal, Dr.Ric Jones:"Riscos existem sempre, em tudo, mas o que devemos avaliar é se vale a pena e se queremos de verdade correr esses riscos." Não foram exatamente essas palavras, mas o contexto era esse. A Rebeca também me escreveu, foi super carinhosa e amiga, me encaminhou artigos e coisas relacionadas ao meu caso. Comecei então a procurar um médico que pudesse respeitar a minha vontade. Cheguei a ligar pro meu antigo ginecologista, que fez a minha miomectomia, e ele também disse que o melhor era a cesárea.

Depois de muitos telefonemas (eu precisava de um médico que atendesse ao meu convênio) encontrei o Dr. Antonio Julio. Nunca tivemos uma "super relação", mas desde o começo ele disse que não havia por que eu não ter o parto normal. Que já tinha muito tempo que eu havia feito a cirurgia, e que eu era absolutamente saudável e pronta pra parir.
E assim foi. Ele não pedia muitos exames, o que me deixava tranquila, pois não ficava procurando pêlo em ovo. Também não fazia exame de toque, fez um, a gestação toda, uma semana antes da Ana Beatriz nascer. Apenas me pesava, media a barriga e escutava o bebê.

Meu marido, que apesar de ter tido dois filhos no primeiro casamento, nunca acompanhou tão de perto as gestações da ex-esposa, achava que o médico não sabia de nada. E a minha sogra, que confiava muito na médica dela, também ouvia com desconfiança as minhas ideias sobre parto.

Fora isso, todo mundo pra quem eu contava que queria um parto normal, sem anestesia, sem intervenções, dizia que eu era louca, que devia morar numa caverna, que eu não ia aguentar a dor, que eu achava que ter filho era brincar de boneca, e etc. Então, eu simplesmente parei de falar pra quem não adiantava.
outro sábio conselho que eu ouvi aqui na lista (Parto Nosso).

A gravidez foi super tranquila, nada atípica. Enjôos no primeiro trimestre, e um cansaço enorme no final.

Os pródromos
No dia 10/10 viajamos pra uma cidade de Minas, Extrema. Eu estava então com 37 semanas. No dia 11, de noite, eu comecei a sentir umas coliquinhas, bem fracas, no pé da barriga. Mas elas não tinham regularidade, e nem incomodaram.

No dia 17/10 eu fui à consulta, fiz o primeiro e único exame de toque, e não tinha nada de dilatação, colo duro, o médico disse que podia ser na próxima semana, ou ainda demorar. A DPP (data provável do parto) era 27/10.

O dia D
No dia 23/10 eu fui ao mercado com o meu marido. Procurava fazer tudo a pé, pois sabia que isso ajudaria no trabalho de parto. Na volta, eu senti umas cólicas muito fortes, eu tinha que parar e me abaixar, e todo mundo me olhando, sem entender nada. Mas passou logo e eu achei que não ia dar em nada.

No dia 24/10 eu acordei às 6h da manhã para ir ao banheiro, e continuava com cólica, parecia cólica menstrual, mas estava fraca. Não tinha sangramento nem perda de líquido. O Ale saiu pro trabalho às 9h, pediu pra eu ligar se alguma coisa acontecesse. Levantei, não conseguia mais dormir por causa da cólica.
Subi escadas, coloquei roupa no varal, varri o chão, e então as cólicas começaram a ficar mais fortes. Tão fortes, que quando elas vinham eu tinha que parar o que estivesse fazendo e me abaixar. Sentar ou deitar era impossível. Eram as contrações. Então era isso, estava começando. Por volta das 11h eu liguei pra
minha mãe e contei o que estava acontecendo. Ela disse que podia ser o início do trabalho de parto, que eu tentasse contar os intervalos. Á essa altura, os intervalos estavam irregulares, entre 40 e 25 min. Tive dor de barriga, vomitei o café da manhã... era meu corpo se limpando, se preparando.

Quando o Ale chegou, por volta das 13h para irmos ao médico, pois era o dia da consulta, as contrações já haviam diminuído o intervalo, estavam entre 12 e 8 min. Aí ele ligou pro médico e foi orientado que seguíssemos pra maternidade. Nessa hora eu fiquei com medo, pois achava que tava cedo, e imaginava que por ser minha primeira filha ia demorar.

O Ale estava preocupado, não queria ficar em casa, então eu disse que ia, mas que se quisessem fazer alguma coisa no hospital pra me empurrar pra uma cesárea, que eu ia sair correndo...rsrs. ..

O Ale ligou pra um amigo dele ir nos buscar, por que a gente não tem carro, só moto, e na moto eu não ia aguentar as contrações...rsrsrs. ..

Quando o amigo dele chegou as contrações já estavam de 5 em 5 min. A gente tinha pensado em passar antes no laboratório, pra pegar os últimos exames que o médico havia pedido, mas como as contrações estavam com um intervalo pequeno, fomos direto pra maternidade.

Chegamos à maternidade por volta das 4h da tarde, e as contrações diminuíram o ritmo, já ficaram com os espaços irregulares. Quando elas vinham ainda eram fortes, mas no intervalo, eu estava super bem, conversava e ria. O Ale disse: "pára de ficar rindo, por que eles vão achar que vc não tem nada e não vão te atender!". E eu respondi:"mas eu não tenho nada, mesmo, tô ótima, só vou ter um filho".

Na sala de espera tinha mais duas gestantes, uma no soro e a outra com dor e sentada. Eu falei pra que ela levantasse e se movimentasse, que isso ajudaria com a dor, e as enfermeiras começaram a me olhar com cara feia.

Aí me chamaram pra ser avaliada por uma enfermeira. Já estava com 4cm de dilatação, e o Ale até viu o cabelinho da nossa bebê. Nessa hora eu fiquei muito emocionada, por que sabia que realmente estava acontecendo.

Ligaram pro meu médico e quando ele disse que eu não queria soro, nem anestesia, nem tricotomia, as duas enfermeiras se olharam com cara de quem não estavam entendendo nada. Ainda com as enfermeiras, preenchendo uma ficha entre as contrações, elas disseram que esse não era um pedido comum, e perguntaram se eu tinha certeza que não queria a anestesia.

Eu disse que sim, e contei resumidamente a minha busca pelo parto normal. Virei então uma espécie de "celebridade" no hospital. Toda enfermeira que passava por mim no caminho da sala de parto, a enfermeira que estava me acompanhando comentava: "vai tentar normal, e sem anestesia".

Ao mesmo tempo em que eu achava engraçado, isso me irritava, primeiro por que eu não ia tentar, eu ia ter um parto normal. Segundo, por que isso era o normal, qual era o espanto?!?!? ! Coisas da matrix.

Na sala de parto eu fiquei um pouco sozinha, esperando o Ale terminar a papelada e se trocar, e ficava andando, só parando na hora das contrações. Pedi pra uma enfermeira algo pra comer, por que o médico tinha liberado minha dieta e eu não tinha nada no estômago.

O Ale chegou antes da comida, e então, a cada contração, eu me jogava nos braços dele, pra poder relaxar.
Já tava suando, e com tanto calor, tirei aquela camisola pesada e fiquei só com uma levinha, não sei qual o nome. E o Ale preocupado que iam ver meus peitos....rsrsrs. ... eu queria era estar pelada!

A comida chegou, mas eu mal consegui tomar umas colheradas de sopa e o suco, que o Ale dava na minha boca, por que já estava com mais dor. Continuava andando pelo quarto, abaixando e me levantando, e o Ale me segurando nas contrações. As enfermeiras entravam e saíam do quarto, e de vez em quando
uma perguntava: ela não vai mesmo querer a anestesia?

Não sabia há quanto tempo eu estava lá, nessa hora a gente perde um pouco a noção. Mas eu estava com muita dor, e pedi pra uma das enfermeiras se eu podia ir pro chuveiro. Ela disse que ia ver com uma outra.
A outra chegou e disse que sim, mas que antes tinha que fazer um exame de toque.

Que tortura, por que eu tinha que deitar, e ter contrações deitada, pra mim, era a pior coisa do mundo. Eu já estava com 7cm, o tp evoluía bem, e eu fui pro chuveiro. Antes disso, foi feito o cardiotoco, que tbm foi horrível, por que mais uma vez eu tive que ficar deitada.

Fiquei no chuveiro um tempão, não lembro o quanto, mas foi ótimo, aliviava muito as dores. O Ale falava comigo, mas eu não lembro o que, nessa hora tbm estava quase em transe.

Quando o médico chegou pediu pra eu sair quando quisesse, por que ele tinha que ver como estava a dilatação. Quando eu saí, percebi que começava à perder parte do tampão, por que escorria uma geléinha pelas minhas pernas. Já estava com 9cm e o médico disse que iria estourar a bolsa, que isso faria com que fosse mais rápido. Ele estourou e as contrações ficaram quase sem intervalo, uma em cima da outra, uma loucura. Vomitei de novo o pouco almoço que eu tinha no estômago.

Aí, tentei parir sentada. Fazia força, mas acho que fazia errada, por que não dava. O médico ficava olhando pra ver quando vinha a contração, e dizia, faz força, mas eu não sentia vontade. Uma enfermeira perguntou pra ele: "o senhor não vai fazer episio?". Eu dei um grito, quase um gemido: "nããããooooo...", mas acho que ninguém entendeu...

Levantei, tentei de cócoras. Fazia tanta força que eu fiz xixi. Tentei me apoiar na cama, de costas, mas também não dava. Aí, sentei de novo. Acho que era a posição de 45 graus, mas o médico estava
sentado bem mais baixo que eu. Aí ele viu que tinha um rebordo (um pedaço do colo do útero que impedia que a cabeça da Bia passasse), e me avisou que ia tirar. Isso sim doeu mais do que qualquer contração.

Aí ele falou: "ela já tá vindo, é só vc fazer força". Eu não senti o tal anel de fogo, mas comecei a sentir uma vontade louca de fazer força, e senti a cabeça dela saindo. Já não era dor, era uma sensação indescritível. Quando eu ia fazer mais uma força, o médico mandou que eu parasse, por que se não ia lacerar. O Ale dizia: "pára, Li, pára!". Não sei como eu consegui parar, por que a vontade era quase incontrolável.
Aí ele disse: "agora, pode fazer força agora". Eu fiz e ela nasceu. Senti passar a cabeça, depois o corpinho, e aquela sensação de alívio.

Ana Beatriz nasceu chorando, e veio direto pro meu colo. Eu olhava e quase não acreditava, ela estava ali, nos meus braços... tanta emoção, tanto amor... ela não quis mamar. Só cheirou e lambeu o bico do seio, e foi se acalmando, e eu conversando com ela baixinho, dizendo: "oi, filha... é a mamãe... a gente conseguiu... eu te amo muito...". Chorava e ria, ao mesmo tempo, era realmente muita emoção.
Ela nasceu 20h13, 4 horas de trabalho de parto, com 39sem e 3 dias. E eu não IMPLOREI pela cesárea.

Não lembro se senti a placenta saindo. Sei que fiquei ali, com ela, e o Ale do meu lado. O médico cortou o cordão e a pediatra a pegou pra limpar, ali no quarto mesmo. Ela ficou mais um pouco comigo e depois o Ale foi levá-la ao berçário com a enfermeira.

Não tive laceração, não levei nenhum ponto, nem tomei qualquer medicamento.



Considerações sobre o parto
Hoje, quase 5 meses depois do nascimento da minha filha, já não acho que o meu parto foi "perfeito". Numa próxima gestação, sem dúvida, não vou parir no hospital, vou parir em casa, pra não ter que me separar do meu bebê por 1 ou 2 ou 3 horas. E também vou esperar que a bolsa se rompa sozinha.

Mas considerando que no início da gravidez já haviam "me condenado à cesárea", acho que a Ana Beatriz e eu nos saímos muito bem. O meu marido, que morria de medo do parto normal por causa do terrorismo dos médicos, e que achava que eu estava fantasiando demais, ficou do meu lado, me apoiou, literalmente me segurou nos braços, e isso foi muito importante.

Ter encontrado um médico que me respeitasse, que respeitasse minhas vontades também foi importante, mas mais que isso, eu ter acreditado que eu podia, eu ter buscado dentro de mim a força feminina de parir, ter buscado em todas as minhas antepassadas que pariram antes de mim...
Isso me fortaleceu como mulher, me sinto uma mulher muito melhor, mais forte, mais corajosa. E durante todo o tp, eu nem me lembrei da história de que meu útero podia romper, por causa da cirurgia, e bla´, blá, blá....

Lembrava sim de todas as conversas, as informações que eu tive aqui (na lista), de relatos... lembrava de que disseram que o tp era um mar, que as contrações vinham como ondas... e sentia isso, e me deixava levar.

Considerações sobre as considerações...
Hoje já faz 1 ano e 7 meses que a Bia nasceu. Ler esse relato me encheu de emoção, revivi cada momento. Faria tudo de novo. Mas faria melhor. Não teria permitido que o médico estourasse a bolsa. Teria esperado mais um pouco. Teria tentado escutar mais o meu corpo e não as orientações do médico pra fazer ou não fazer força.

Outra coisa muito ruim de ter o filho no hospital, é que ele TEM que ser levado para os procedimentos. Se fosse na minha casa, ela ficaria mais comigo, seria avaliada ali, do meu lado, não teríamos ficado algumas horas separadas.
Mas fora isso, eu continuo me sentindo muito corajosa por ter acreditado que podia parir e ter buscado o meu parto.


O grande amor da minha vida

quinta-feira, 17 de junho de 2010

“O Leite Materno é o Primeiro Alimento dos Campeões!”

Adorei essa campanha. A Bia tem 1 ano e 7 meses e eu ainda amamento. Depois de parir, amamentar é preciso!
Pra completar, o Hernanes, jogador são-paulino, faz parte da campanha. Amei mais ainda!...rsrs...

Parto do princípio

Nunca tive o sonho de ser mãe. Naqueles cadernos de perguntas que todos respondemos nos anos 90, na página da pergunta: Qual é o seu maior sonho? a minha resposta sempre foi: Ser aeromoça.

Não sei como, nem quando, perdi a vontade de ser aeromoça... acho que por que ao invés de ficar alta e magra eu fui ficando baixa e rechonchuda....rsrs...

O fato é que a maternidade nunca esteve nos meus sonhos. Muito pelo contrário. Se me perguntassem, por volta dos 20 anos, se eu queria ser mãe, minha resposta era: Nunca! Com o mundo deste jeito, é uma irresponsabilidade colocar um filho no mundo.

Até que, aos 25 anos, como diria Socorro Costa, uma alma linda que eu conheci na lista Parto Nosso, "o útero começou a coçar". Em todas as minhas conversas, o assunto era recorrente: "Eu me sinto pronta pra ser mãe". O único detalhe era que eu havia acabado de terminar um namoro de quatro anos, portanto, não havia um candidato à pai nas proximidades...rsrs...

Em dezembro de 2007 eu reencontrei o Ale. O grande amor da minha vida. Não nos víamos há mais de quatro anos. Nem havíamos nos falado em todo esse tempo. O magnetismo foi inevitável.

Em fevereiro de 2008 eu engravidei. Apesar de ser uma coisa desejada, não houve o mínimo de planejamento. Alegria, medo, insegurança, felicidade, amor, muito, muito amor.... tudo se misturava, em doses intensas e nada homeopáticas.

Passado o susto inicial, eu vesti a camisa da grávida. Pesquisei, li, descobri, aprendi.... tudo o quanto foi possível. E o que se descortinava à minha frente não era muito animador.

De um lado, os convênios que realizam cesáreas como uma produção em série. De outro, o atendimento público com suas raspagens (tricotomia), soro com medicação (ocitocina), corte no períneo (episiotomia), e as famosas enfermeiras que, segundo sempre ouvi falar, te dizem a cada gemido: na hora de fazer você gostou, né? (abro um parentêses pra dizer que acho o trabalho das enfermeiras, especialmente as da área de obstetrícia, incrível! Apenas quis registrar uma coisa que eu sempre ouvi, e que no momento em que eu me descobri grávida, aterrorizava os meus pensamentos)

Bom, nas minhas pesquisas, também descobri coisas incríveis. O lado lindo no nascimento. O nascimento humanizado. Conforme está escrito no site Amigas do Parto, o Ministério da Saúde entende por parto humanizado "o direito que toda gestante tem de passar por pelo menos 6 consultas de pré-natal e ter sua vaga garantida em um hospital na hora do parto. Para um grupo de médicos, significa permitir que o bebê fique sobre a barriga da mãe por alguns minutos após o parto, antes de ser levado para o berçário. Em alguns hospitais públicos significa salas de partos individuais, a presença de um acompanhante, alojamento conjunto, incentivo à amamentação, entre outros benefícios."

O que eu descobri durante as minhas pesquisas vai muito além disso. Mais do que o local, a mulher tem o direito de ser dona do seu corpo e da situação. A mulher tem o direito de ter direitos. O tradicional mãezinha, que eu pretendo tratar em outro post, relega à mulher uma condição onde ela é igual a todas as outras mãezinhas do mundo. Ora, a mulher não é igual nem à ela mesma, todos os dias. Eu me sinto uma em cada dia, dependendo de várias circunstâncias, internas e externas!

Voltando: o site Amigas do Parto continua explicando: "no mundo inteiro, no entanto, o que está se discutindo é: 'o atendimento centrado na mulher'. Isso deveria ser o correto significado de parto humanizado. Se a mulher vai escolher dar à luz de cócoras ou na água, quanto tempo ela vai querer ficar com o bebê no colo após seu nascimento, quem vai estar em sua companhia, se ela vai querer se alimentar e beber líquidos, todas essas decisões deverão ser tomadas por ela, protagonista de seu próprio parto e dona de seu corpo. São as decisões informadas e baseadas em evidências científicas."

Ter conhecimento sobre tudo isso mudou minhas decisões drásticamente. Nascia em mim, a uma velocidade impressionante, um grande desejo de vivenciar tudo isso. De ter escolhas, de dar ao meu filho um nascimento digno, de tomar a primeira grande e acertada decisão nas nossas vidas.

Preciso contar aqui que, em 2001, eu me submeti a uma cirurgia uterina. Retirei um mioma, o que me deixou com uma pequena cicatriz, no útero e no abdômen, que lembra muito uma cesárea. Então, na primeira consulta com o médico que iria acompanhar o meu pré-natal, eu perguntei se isso seria impeditivo para um parto normal. Ele disse que sim. Que havia o risco de ruptura uterina, e que o mais seguro era uma cesárea.

Como eu já havia pesquisado na internet, conversado na lista Parto Nosso sobre esse assunto, e estava convencida que sim, eu poderia ter um parto normal, simplesmente saí do consultório e nunca mais voltei.

Liguei para o médico que havia feito a minha cirurgia, e ele confirmou o que disse o outro médico. Que o mais seguro era a cesárea. Fui então em outra médica, que havia sido recomendada por parentes do meu marido como uma médica 'super à favor do parto normal'.

A médica 'super à favor do parto normal', após ouvir tudo o que eu disse sobre partos, pesquisas, miomectomia, desejo de um parto normal, etc, me disse: "Parto humanizado é muito bonito, é muito romântico... mas depois de seis ou sete horas de trabalho de parto, VOCÊ VAI IMPLORAR POR UMA CESÁREA".

Aquilo me soou tão ofensivo, tão covarde, que eu não tive reação. Minhas forças serviram apenas para segurar o meu choro. Ela não me conhecia. Ela nunca tinha me visto antes. Como ela pode dizer o que eu vou querer ou o que eu não vou querer? Que conhecimentos ela tem pra dizer como eu lido com a minha dor?

Acho que essa é a primeira grande manipulação que as grávidas sofrem: o medo da dor. Todos falam da dor, por que o modelo de parto que a maioria das pessoas conhecem está centrado na dor. Ou então, sem dor alguma, pelo menos durante o parto, que é o que a cesárea proporciona.

Eu garanto, pra quem quiser, que a dor do parto não é como dizem. Não é a maior dor do mundo. Nem é uma dor insuportável. Que dói, dói, isso é fato. Mas a grande diferença, o pulo do gato, é que não é só dor. Se a mulher está à vontade, se ela está cercada por pessoas que ela confia, se ela está consciente do que acontece no seu corpo, ela não se foca na dor. Ela conhece o processo. Ela sabe que a ocitocina que o corpo dela produz está agindo nas contrações. Ela sabe que a dor desencadeia um processo de hormônios que vão atuar até na produção de leite.

O problema é que a grande maioria não sabe. Não sabe por que não pergunta, não investiga, e não sabe por que a informação muitas vezes é sonegada por quem a detém.

Bom, voltando ao caso da médica 'super à favor de parto normal'. Ela disse que eu não deveria temer, que a cesárea hoje em dia não é como era vinte anos atrás, que ia ser super tranquilo, e que eu deveria fazer a cirurgia (sim, por que cesárea é uma cirurgia de grande porte) com 38 semanas de gravidez, não poderia nem entrar em trabalho de parto.

Foram muito poucas as pessoas que entenderam a minha tristeza. O meu choro. A minha sensação de impotência. Todos diziam: o importante é que o seu filho vai nascer.

O que me doía era ter lido tantos artigos, de tantos profissionais, que afirmavam que o risco de ruptura uterina, para o meu caso, era o mesmo que uma mulher que houvesse feito uma cesárea. Se o próprio Ministério da Saúde diz que após dois anos de uma cesárea, a mulher pode passar por um parto normal, por que eu, que havia operado há quase 8 anos, não poderia?

Passei a ler mais e mais, pesquisar mais e mais, e novamente, a lista do Parto Nosso, me deu a luz que eu precisava. O Dr Ricardo, ativista do parto humanizado que reside no Rio Grande do Sul me disse: "você pode sim ter o seu parto. Mas você tem que querer. De verdade. Por que o que os médicos vão te dizer não é que você tem 95% de chances de um parto bem sucedido, mas 5% de chance de ruptura uterina. E no caso de um parto hospitalar, encontrar um médico que também acredite nisso".

Eu encontrei. Depois de muita procura, por que eu precisava de um médico que atendesse ao meu convênio. Eu vivi o meu parto natural. Sem soro, sem anestesia, sem corte, sem medicamentos... Eu vivi.

Mas eu vivi por que eu busquei, eu acreditei, eu não me conformei. Pode ter sido um pouco de sorte? Pode sim. Mas pra ser bem, bem brega, tem uma música que diz: "pois toda sorte tem quem acredita nela".

Eu acreditei. E acredito. E falo aos quatro ventos: eu pari, todas podem parir, parir é tudo de bom, parir é preciso.

Espero que não tenha ficado tudo muito perdido no texto... são muitas ideias para discutir.

Em tempo: sugiro um texto do blog da Gisele Bündchen (ela sim, e não a Amélia, é que é mulher de verdade...rsrs...). A Jéssica postou no twitter que leu e adorou, eu li e adorei, e sugiro que todos leiam. Fala sobre o nascimento sem violência, que é a essência do parto humanizado. Sem violência com a mãe, sem violência com o bebê... lindo de viver.

Nota explicativa: depois de ler o post fiquei com receios que alguém lesse e achasse que eu sou simplesmente uma pessoa teimosa, que quero por que quero e não penso nas consequências. E não é isso. Ou pelo menos não foi esse o caso. Eu queria que algum médico me explicasse, com evidências científicas, que para o meu caso, o parto natural era um risco. Pro meu bebê, pra mim. E não pra ele. Eu não queria fazer o que fosse mais seguro para o médico, o que o médico controlasse com mais facilidade. Eu queria o que fosse melhor pro meu filho, e pra mim também.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Enfim, ele está aqui...

Há algum tempo eu penso nesse blog. Por incentivo de várias pessoas (que não aguentavam mais me ouvir falar sobre partos..rsrs...) ele já existiria há muito tempo. O meu maior medo era ele ficar lá, perdido e abandonado, sem que eu tivesse tempo para atualiza-lo.
Mas como disse minha amiga Jéssica, a gente arruma o tempo. E aqui está ele.
Pretendo usar este espaço para discutir sobre partos, principalmente, mas sobre todos os assuntos que nos afligem...
Vivi a experiência de um parto natural, e posso assegurar que nasceu ali não só a minha filha, mas uma outra mulher. Uma Aline mais corajosa, mais consciente, mais instintiva... uma leoa, capaz de tudo pela sua cria... capaz de contrariar os médicos (3) que me disseram que eu não poderia parir minha filha, como eu desejava.
Capaz de enfrentar a desconfiança e a insegurança do marido, que temia pelas prognósticos pessimistas dos médicos que me indicaram uma cesárea, como a ruptura uterina... mas isso eu vou detalhar em posts próximos...
Esse era pra ser só um aperitivo, mas minhas mãos trêmulas por finalmente ter realizado algo que eu tbm gestava há muito tempo não param de registrar o que o pensamento está produzindo...rsrs...
Bom, por enquanto é isso. As mudanças que começaram dentro de mim transbordam para mudar o mundo ao meu redor.