A Câmara de Diadema aprovou no fim de setembro projeto de lei que
dispõe sobre a implementação de medidas de informação à gestante e
parturiente sobre a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal,
visando, principalmente, à proteção contra a violência obstétrica nos
hospitais públicos e privados da cidade. O projeto 077/2013 é de autoria
do vereador João Gomes e foi aprovado por unanimidade pelos demais
parlamentares. O prefeito tem até 15 deste mês para sancionar o texto.
Gomes, que também é pastor, explicou que durante muitos anos realizou
trabalhos sociais em presídios e soube de relatos de detentas que
passaram por diversas violências durante o nascimento de seus filhos.
“Uma deu à luz em um banheiro sujo, algemada, sem as mínimas condições”,
afirmou. “Também chegou até nós depoimentos de mulheres que foram mal
tratadas em hospitais. Submetidas a repetidos exames de toque, em
situações muito humilhantes”, completou.
Assessorado por sua equipe, o vereador fez extensa pesquisa sobre o
assunto, a fim de formular uma lei que pudesse coibir essa prática, que
segundo dados da Fundação Perseu Abramo, foi vivenciada por 25% das
mulheres entrevistadas em 2011. “Nossa expectativa é que o projeto seja
sancionado em breve. Praticamente não vai gerar custos ao município,
pois poderá ser implementado por meio de palestras de conscientização da
equipe. Caberá à prefeitura também fiscalizar os hospitais privados”,
detalhou.
O texto da lei classifica como violência obstétrica diversas
situações, como fazer graça ou recriminar a parturiente por qualquer
comportamento como gritar, chorar, ter medo, vergonha ou dúvidas;
indicar cesariana sem respaldo nas evidências científicas; e impedir que
a mulher seja acompanhada por alguém de sua escolha durante todo o
trabalho de parto. “O projeto, inclusive, ratifica a Lei do
Acompanhante, promulgada em 2005, mas que ainda é desrespeitada”,
completou o parlamentar.
A prefeitura deve elaborar cartilha explicando em termos claros os
direitos das gestantes e parturientes e fiscalizar a fixação de cartazes
com as mesmas informações nos estabelecimentos de saúde. Diadema é a
primeira cidade do país a ter uma legislação que trata da violência
obstétrica. “Foi o pontapé inicial. Já estou em contato com vereadores
de outras cidades e também com os órgãos superiores do partido (PRB)
para que essa iniciativa chegue a outros municípios”, finalizou. O
vereador será homenageado pelo Movimento de Doulas e Parteiras do ABC no
próximo dia 19, durante encontro municipal do PRB Mulher realizado na
Câmara de Diadema.
*matéria de minha autoria, originalmente publicada no Diário Regional, dia 09/10/2013. Link http://www.diarioregional.com.br/2013/10/09/sua-regiao/minha-cidade/diadema-aprova-lei-contra-violencia-obstetrica/
segunda-feira, 7 de abril de 2014
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