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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Processo contra violência obstétrica que tramita em Santo André é a primeira do gênero na região

A manicure e moradora de Santo André Elisangela Alberta de Souza é autora da primeira ação que trata de violência obstétrica no ABC. No início de 2012, Elis deu à luz seu segundo filho no Hospital da Mulher, em Santo André. Tendo se preparado durante toda a gestação para um parto normal e sem intervenções e sabendo que teria seu filho em um hospital considerado referência na região, a munícipe nunca imaginou que passaria por momentos de violência.
Elis passou todo o início do trabalho de parto em casa e só foi para o hospital quando as contrações já estavam com intervalos bem curtos, o que indica que o nascimento está próximo. “Já cheguei ao hospital com dilatação total, mas fiquei sozinha na triagem, pois não permitiram que meu marido me acompanhasse”, disse. Mesmo com o filho já praticamente nascendo, a médica que atendeu o parto (e que é ré no processo) estourou a bolsa artificialmente e realizou uma episiotomia (corte na vagina), procedimentos desaconselhados a serem feitos rotineiramente pela Organização Mundial de Saúde.
“Acreditamos que os procedimentos foram feitos porque dentro da sala de parto estavam alguns residentes. A minha cliente não foi consultada nem informada sobre nenhum deles, o que configura violência obstétrica”, explicou a advogada Priscila Cavalcanti. A audiência de conciliação aconteceu no Fórum de Santo André no dia 21 de novembro, mas a médica (que não teve seu nome divulgado) não compareceu, pois não foi avisada a tempo. A representante oficial do hospital não propôs acordo conciliatório e a audiência foi remarcada para 14 de março de 2014. “Tanto a conciliadora quanto a representante do hospital se emocionaram muito com o relato. Achamos isso curioso e positivo”, completou a advogada.
Para Elis, houve muita receptividade para um assunto que ainda é novo nos tribunais e que sua expectativa é mostrar que as mulheres, enquanto cidadãs, têm direitos e que o mínimo que todas têm a fazer por si e por seus filhos é brigar por eles. “Estou muito satisfeita, pois foi muito positiva a primeira impressão. Foram 21 meses de busca, leitura, estudo, conversa em grupos virtuais e presenciais, terapia, amigas. Foi uma saga”, concluiu.

* matéria de minha autoria, originalmente publicada no Diário Regional, no dia 24/11/2013. Link http://www.diarioregional.com.br/2013/11/24/sua-regiao/minha-cidade/acao-que-tramita-em-santo-andre-e-a-primeira-do-genero-na-regiao/

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